SENTIR
CIÚMES
O ciúme surgiu há
muito tempo, sendo até hoje uma emoção humana extremamente comum. O homem
precisava se proteger da traição para não gastar seus recursos com uma prole
que não fosse a sua. Já a preocupação da mulher era em como manter o estoque de
comida, e quem iria trazê-la. Assim, hoje, os evolucionistas acreditam que o
que provoca ciúmes em homens e mulheres são eventos diferentes. Outros já
entendem o ciúmes como uma criação capaz de proteger os laços sociais.
No século XIV, o
ciúmes conotava paixão, sem nenhum sentido pejorativo. Ainda hoje, nas
sociedades monogâmicas ele encontra-se, muitas vezes, ligado à proteção
familiar como sinônimo de amor e cuidado, onde o desejo maior é a preservação
do relacionamento visto que tal sentimento está ligado a perda do outro ou do
espaço afetivo da relação. Ou seja, o ciúme é um sentimento ego centrado
originado no medo de perder a pessoa amada, misturado ao sentimento de deixar
de ser especial.
Na verdade, são
muitas às vezes em que o ciúme deixa de ser sinônimo de prova de amor
transformando-se em exemplo de insegurança e de posse. Dessa forma, longe de
ser um tempero para o relacionamento, ele não tem como ser considerado um
sentimento construtivo, podendo acabar com a relação, e causando sofrimento
para ambos os parceiros. Mas, também ,pode ser considerado “natural” a pessoa
sentir ciúme em certas situações em que se perceba ameaçada de exclusão. Num
maior grau, a sensação de angústia é permanente, havendo uma constante tensão,
enfraquecendo o relacionamento.
O outro, a qualquer
momento, poderá estar mandando sinais de que vai abandonar a relação e essa
dúvida faz com que a pessoa fique alerta todo o tempo, consumindo os três: o
ciumento, o (a) parceiro (a) e a relação. Em um momento mais crítico,
insegurança e desconfiança são capazes de criar uma realidade paralela que não
condiz com a verdade. Apesar disso, a pessoa passa a vivenciá-la, pois a linha
divisória entre imaginação e certeza é tênue. As dúvidas se transformam em
pensamentos supervalorizados onde o ciumento é coagido à investigação
compulsiva de suas (in) certezas. Por mais que toda e qualquer tentativa de
diminuir tais sentimentos não sejam capazes de reduzir o mal estar sentido, há
uma constante busca pela comprovação de suas suspeitas, o que leva a mais
incertezas, pois, por mais que o (a) parceiro (a) conte a “verdade”, ela é
insuficiente.
Muitas pessoas se
criticam por tal comportamento e tentam, inutilmente, afastá-los, sentindo
culpa e uma enorme tristeza, enquanto os que não veem sua atitude como
injustificada, apresentam raiva e comportamentos violentos. É um comportamento
muito parecido com o que é experimentado pelos pensamentos obsessivos: são
indesejados, intrusos, considerados desagradáveis, irracionais e seguidos de
atos de verificação. A pessoa muitas vezes carrega sentimentos de raiva,
vergonha, humilhação, culpa, desejo de vingança, relacionado com uma baixa
autoestima. Muitas vezes, podem ocorrer homicídios e atos violentos, mas fica
difícil falar em estatísticas, pois, muitos não se defendem ou procuram
serviços médicos.
Pode-se dizer, de
forma resumida, que o que caracteriza o ciúme patológico é o anseio de um
domínio total dos sentimentos, pensamentos e comportamentos do outro,
desenvolvido pelo entendimento de alguma ameaça à estabilidade ou qualidade do
relacionamento, visando excluir os perigos da privação do objeto amado. Assim,
é uma resposta frente a um perigo percebido onde o rival pode ser real ou
imaginário.
Deve-se levar em
consideração a avaliação da racionalidade dessas preocupações, assim como o
grau de limitação ou prejuízos causados. Avaliar também o grau de crítica do
individuo em relação a essas idéias e o sofrimento que acarreta, levando em
consideração seus reflexos no lazer, na vida social, afetiva e no trabalho. Os fatores
precipitantes também são dignos de atenção, como é o caso de comportamentos
provocativos do (a) parceiro (a), estresse, mudanças ou perdas.
Tal sentimento pode
trazer sofrimento para quem o sente. Mas ciúme não é defeito, é uma emoção
difícil de suportar, pois sentir-se se excluído é sempre doloroso. O outro é
inimitável. Funciona mais ou menos assim: se o outro está chamando mais a
atenção do que eu, ele tem algo que eu não tenho. Desta forma, perco a
confiança em mim, sou inferior. Para o ciumento, nada é justo se ele não tiver
tudo para si.
Vale ressaltar que
tanto o ciúme quanto a inveja são manifestações naturais e dizem respeito à
dificuldade que temos de aceitar nossas diferenças e que nunca teremos tudo
aquilo que desejamos. A forma de contornar essa situação é entender que as
pessoas têm comportamentos e atitudes diferentes conosco porque, antes de
qualquer coisa, também são diferentes. Fonte: abcdasaude
Quando a pessoa chega
a terapia com tal queixa, o foco é que ela possa aprender a lidar melhor com a
rejeição ,e tornar-se um indivíduo capaz de se relacionar com as pessoas e com
o meio onde vive, sentindo-se aceito e aproveitando o melhor dos diferentes
momentos.
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