Epilepsia é hereditária? Veja se ela é passada de pai para filho
A epilepsia é uma desordem neurológica que
afeta até 3% da população mundial. A característica principal desta condição, a
chamada crise epiléptica, são convulsões involuntárias no comportamento, no
controle muscular, na consciência e também na sensibilidade do indivíduo, que
ocorrem devido a uma atividade elétrica anormal em uma ou em várias áreas do
córtex cerebral.
As causas da epilepsia são
diversas e vão desde traumatismos cranianos, doenças infecciosas e tumores, até
aos fatores genéticos. Importantes estudos, no campo da epileptologia,
identificam os genes associados a certos tipos de epilepsia.
De fato, são muitos os genes
que podem estar associados à epilepsia, sejam por meio de alterações genéticas,
sejam por alterações na expressão dos genes. O advento da epilepsia - a
epileptogênese - está mais comumente ligado às alterações que ocorrem na
estrutura do gene, como mutações ou polimorfismos.
Os tipos de epilepsia que
ocorrem em famílias incluem epilepsia de ausência na infância (CAE), epilepsia
mioclônica juvenil (JME), convulsões fotossensíveis (causadas pela
sensibilidade à luz), epilepsia generalizada com crises febris (GEFS +) e
convulsões focais. No entanto, o mais comum é que ocorram diferentes tipos de
epilepsia na família, ou seja, a criança pode desenvolver um tipo de epilepsia
diferente daquela de outros familiares.
As pesquisas sobre a
hereditariedade da epilepsia vêm sendo realizadas há muito tempo e nos últimos
anos os resultados indicam que será possível compreender melhor as causas
genéticas da doença. Até o momento, resumidamente, já sabemos que:
- O
risco de uma criança herdar a epilepsia depende do tipo de epilepsia que
está ocorrendo na família, quais membros da família tem a epilepsia, e a
idade em que começaram a desenvolver a doença
- Alguns
tipos de epilepsia têm maior risco de serem herdados
- Algumas
pessoas não herdam a epilepsia, mas herdam uma forma leve de convulsão
- Algumas
crianças nascem com alterações em genes específicos que causam o
desenvolvimento da epilepsia
- À
exceção das crianças com esclerose tuberosa, menos de 15 em cada 100
crianças nascidas de pais com epilepsia herdarão a doença.
Segue um quadro sobre os riscos
de uma criança desenvolver epilepsia por herança familiar com relação a
crianças sem esse histórico:
Pessoa na
família com epilepsia
|
Risco de a
criança desenvolver epilepsia
|
Mãe
|
Muito alto
|
Pai
|
Alto
|
Mãe e pai
|
Maior do que
se só a mãe tiver epilepsia. Mas mesmo assim é mais provável que a criança
não desenvolva epilepsia
|
Outros
membros da família
|
Quanto mais
pessoas com epilepsia na família, maior o risco que a criança desenvolva
epilepsia
|
A idade em que os parentes
desenvolveram epilepsia também é um fator importante. Veja o que mudam nos
riscos da criança ter epilepsia quando há histórico família, a depender da
idade em que o familiar desenvolveu a doença
Idade em que o
parente desenvolveu epilepsia
|
Risco de a
criança desenvolver epilepsia
|
Menos de 20
anos
|
Muito alto
|
De 20 a 35
anos
|
Alto
|
Mais de 35
anos
|
O mesmo de
crianças sem histórico familiar
|
Em 2013, pesquisadores
americanos identificaram novas mutações genéticas relacionadas a epilepsia
grave em crianças. Eles sequenciaram o exoma de crianças que sofriam de convulsões muito graves que tiveram início no primeiro
ou no segundo ano após o nascimento. Esta é uma forma muito grave de epilepsia,
que pode levar a outras complicações sérias, como deficiência intelectual, autismo, perda
do tônus ou coordenação muscular e até à morte.
A possibilidade de identificar
as chamadas "mutações de novo", erros de digitação na sequência do
DNA, através do mapeamento genético pode melhorar o tratamento de crianças portadoras
de formas mais agressivas de epilepsia.
Mas o caminho para um
definitivo conhecimento sobre todos os genes responsáveis pela epilepsia
hereditária, bem como as decorrentes possibilidades de tratamento, ainda é
longo, dada a complexidade e ao grande número de genes envolvidos. Fonte:
minhavida
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