DENTES
TORTOS
A Ortodontia, ramo da
odontologia que se dedica à correção da oclusão dentária (maneira como os
dentes fecham,ocluem os de cima com os de baixo) e dos dentes tortos, alcançou
tamanho desenvolvimento técnico, nos últimos anos, que permite ao especialista
a realização de tratamentos eficientes com excelentes resultados, tanto
estéticos quanto funcionais.
A primeira preocupação
é o aspecto estético, que geralmente leva à procura de correção dos dentes
anteriores. Sem dúvida, é importantíssimo o problema de auto-estima, da
aparência pessoal, colocando o indivíduo com mais segurança e tranqüilidade
dentro da vida. No entanto não é essa, como parece desavisadamente, a única
função do ortodontista. É fundamental, inclusive para a própria solução
estética, a restauração do equilíbrio oclusal normal: todos os dentes em
posições harmônicas com os seus vizinhos e antagonistas, bem como com os ossos
de sustentação e o restante da face. Sem esse equilíbrio oclusal normal, os
dentes sofrerão, com sua má posição, o impacto das forças de mastigação em
situação anômala, padecendo, então, de traumatismo oclusal. Esse traumatismo é
uma das causas de doenças dos tecidos de sustentação dos dentes (osso,
ligamento, gengiva), doenças chamadas paradenciopatias, que podem ocasionar a
perda dos dentes. Assim, já se vê que a ortodontia transcende ao aspecto
estético imediato.
Ainda mais, a má
posição dos dentes não permite a benéfica massagem que os alimentos fazem nas
gengivas, quando deslizam, depois de comprimidos pela mastigação. Isto resulta
em gengivas sangrentas e hipertrofiadas (de volume aumentado).
Também, os dentes
tortos colocam-se, geralmente muito juntos e com os pontos de contato
incorretos, aumentando a possibilidade de cáries e dificultando sua
localização, fazendo com que, nos dentes apinhados, quando as cáries são
descobertas, já estão muito avançadas e até mesmo com comprometimento da polpa
dentária (nervo).
Qual a idade para o início do tratamento?
O conselho é aquela
orientação conhecida e descuidada: prevenir é melhor do que remediar. Portanto,
quanto mais cedo, mais acertado será tomar medidas preventivas. Em odontologia,
significa providenciar cuidados ortodônticos antes dos dentes permanentes
nascerem. Muitos dos problemas ortodônticos têm origem na falta de atenção que
recebem os dentes de leite.
Se os dentes de leite
estiverem muito cariados, sem restauração, ou forem extraídos, sem colocação de
pequeno aparelho assegurador de espaço, os dentes permanentes, ao erupcionarem,
não encontrarão seu lugar certo na arcada, tomando posição defeituosa. Maus
hábitos, como chupar o dedo, posição defeituosa ao dormir, interposição da língua
entre os dentes, respiração bucal, etc., causam maloclusões, que, com
tratamento oportuno, poderão ser evitadas.
Pequenas correções,
recuperação de espaço perdido, correção de um ou dois dentes com articulação
cruzada, etc., quando realizadas cedo, evitam a generalização do mal.
Considerando o que
foi dito, é fácil compreender porque deve ser cedo, muito cedo, o momento para
preocupar-se com a oclusão dentária. Aqueles pais que tem problemas
ortodônticos podem pensar que seus filhos, por herança, também venham a ter
dentes tortos. Se a visita ao especialista em ortodontia for cedo para iniciar
o tratamento, igual será valiosa, para avaliação e observação. Uma avaliação
pré tratamento oferece importantes informações para o profissional. Mais tarde,
quando for iniciar o tratamento, possibilitará avaliar a tendência de
crescimento com mais segurança.
O especialista em
tratamento de crianças, o odontopediatra, está capacitado para prevenir ou
interceptar maloclusões, encaminhando ao ortodontista, quando achar oportuno.
Tratamento ortodôntico em adultos
Cada vez com mais
freqüência os ortodontistas estão fazendo tratamentos de adultos. Esta
tendência iniciou-se, faz um bom tempo, nos EUA, onde os tratamentos
ortodônticos são bem caros. Muitos pais, sobrecarregados com os altos custos da
escolaridade não podiam fazer o tratamento ortodôntico de seus filhos, os
quais, depois de entrarem no mercado de trabalho, e ter sua independência
econômica, passaram a buscar tratamento para seus dentes em má posição.
Também, tratamentos
ortodônticos com mais de 20 anos de tratados, necessitam algumas vezes de
retratamento principalmente em busca de harmonia entre a oclusão de a
articulação da mandíbula com o crânio (ATM).
Em decorrência desta
demanda a ortodontia evoluiu no tratamento ortodôntico de adultos e hoje não há
mais limites de idade para iniciar tratamento. Até mesmo casos graves de
doenças dos tecidos de sustentação dos dentes (paradenciopaticas), onde os
dentes afrouxam e são projetados para frente, abrindo espaço entre eles
(diastemas), o tratamento consiste em tratar a paradenciopatia e levar os
dentes, ortodonticamente, para seus lugares de origem e fazer com que fiquem
juntos para depois colar uns nos outros (esplintagem).
Por que extrair dentes sãos em ortodontia?
Muito relutaram os
ortodontistas, antes de aceitar o fato da extração de dentes definitivos e em
perfeito estado, a fim de chegar à correção de problemas da oclusão. Durante
muito tempo, estiveram os especialistas divididos em dois grupos: extracionistas
e não extracionistas. Estes últimos, em grande número, não podiam admitir a
necessidade de mutilar o paciente para corrigir um defeito. Depois de muitas
pesquisas e muito estudo, e principalmente ante a evidência dos casos tratados,
chegou-se à conclusão mais acertada, hoje pacífica. Em muitos casos, há
necessário extrair, sob pena de deformar e perfil ou ter recidiva. Assim,
grandes personalidades da ortodontia internacional, adeptos do não
extracionismo, depois de praticarem longamente sua escola, renderam-se à
imposição e confessaram-se enganados.
A necessidade de
extrair apresenta-se, principalmente, nos casos em que os ossos maxilares são
pequenos para acomodar todos os dentes. Nestes casos, é necessário diminuir o
número de dentes, para poder alinhá-los dentro do maxilar. Duas coisas não
ocupam o mesmo lugar no espaço, já nos dizia Newton...
Numerosos são os
casos de dentes amontoados por falta de espaço. Alguns devido ao descuido com a
dentição de leite, ou à extrações prematuras destes dentes, estes espaços
perdidos podem ser recuperado e extrações não são necessárias. Outros, por
disrelação hereditária, entre tamanho dos dentes e o osso suporte, algumas
vezes necessitam de extrações. Este último caso é realmente curioso e
interessante, além de atual e generalizado.
O homem moderno está
sofrendo uma transformação no seu aparelho mastigador. Em poucos séculos
transformou completamente a maneira de alimentar-se. Enquanto que antes o homem
usava os dentes para cortar e triturar os alimentos, hoje a atividade
mastigatória diminuiu significativamente. Os alimentos são cozidos, cortados e
até liquidificados, antes de irem à boca. Consequentemente, pela hipofunção, os
ossos que sustentam os dentes estão diminuindo de tamanho, enquanto os dentes
não modificam suas dimensões. Daí a desproporção.
A natureza, como
sempre, vai encontrando suas próprias soluções, no caso, ela se ocupa, agora,
em diminuir o número dos dentes. O terceiro molar está ausente ou atrofiado em
muitas pessoas. Em outras, há ausência congênita de incisivos laterais
superiores ou prémolares inferiores. Mas, nos casos em que isto não se dá,
principalmente, quando não há ausência congênita dos sisos, poderá ser
necessário que o ortodontista recomende extrações para compensar a falta de
espaço. Estas extrações podem ser os sisos ou outros dentes, geralmente, os
prémolares.
Além da influência
alimentar nesse fenômeno da evolução humana, outra causa interessante e comum
provoca a disrelação entre osso e dentes. É a herança cruzada. O filho herda os
dentes grandes do pai e os maxilares pequenos da mãe.
Quando há indicação
de extrair, geralmente, os dentes indicados são os primeiros ou os segundos
prémolares. Isto permite a regularização dos dentes anteriores e liberação dos
espaços para a erupção dos terceiros molar (sisos).
Não se pode negar ser
lamentável a extração de dentes em perfeito estado. Mesmo para o especialista,
é uma decisão difícil e muito mais para o paciente. No entanto, nunca será esse
fato mais grave e rico de conseqüências perigosas do que o amontoamento dos
dentes.
Assim como existem
casos em que é evidente a necessidade de extrair ou de não extrair, há os casos
limítrofes, em que se balança em extrair ou não extrair. Nestes casos, é
necessário que vantagens e desvantagens sejam avaliadas com extremo cuidado por
profissional especialista e experiente.
Vê-se que a
ortodontia alarga-se em aperfeiçoamentos e ocupa posição importantíssima na
solução de problemas dos indivíduos, tanto nos planos mais objetivos e
imediatos de saúde e bem-estar, como nos mais elevados de ajustamento dentro da
vida e possibilidade de realização. Fonte: abcdasaude
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