sexta-feira, 25 de novembro de 2016

DPOC: sintomas, tratamentos e causas

O que é DPOC?
A DPOC é uma doença crônica intimamente ligada ao tabagismo, que pode se agravar sem o tratamento adequado, comprometendo significativamente a qualidade de vida. Segundo a Organização Mundial da Saúde, a DPOC será a terceira principal causa de morte em 2020.
É comum as pessoas acharem que a DPOC é uma doença de pessoas idosas e, por isso, não se preocuparem com ela. Na verdade, a doença atinge principalmente pessoas com mais de 40 anos, podendo inclusive ser identificada em pessoas mais jovens.
Os pacientes com DPOC grave têm falta de ar com a maioria das atividades e são internados no hospital com muita frequência. Ente as possíveis complicações da doença estão o desenvolvimento de arritmias, necessidade de máquina de respiração e oxigenoterapia, insuficiência cardíaca no lado direito ou cor pulmonale (inchaço do coração ou insuficiência cardíaca devido à doença pulmonar crônica), pneumonia, pneumotórax, perda de peso ou desnutrição grave e osteoporose.
A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) refere-se a um grupo de doenças pulmonares que bloqueiam o fluxo de ar, tornando a respiração difícil. Só no Brasil, cerca de cinco milhões de pessoas sofrem com o problema. É uma doença lenta, que frequentemente se inicia com discreta falta de ar associada a esforços como subir escadas, andar depressa ou praticar atividades esportivas. No entanto, com o passar do tempo, a falta de ar (dispneia) se torna mais intensa e surge depois de esforços cada vez menores. Nas fases mais avançadas, a falta de ar está presente mesmo com o doente em repouso e agrava-se muito diante das atividades mais corriqueiras.
Existem duas formas principais de DPOC. A maioria das pessoas com DPOC tem uma combinação dessas condições:
  • Bronquite crônica, que envolve tosse prolongada com muco
  • Enfisema, que envolve a destruição dos pulmões ao longo do tempo.

Causas

Quando você respira, entra ar nos seus pulmões através de dois grandes tubos, chamados brônquios. Dentro de seus pulmões, estes tubos criam diversas ramificações, como uma árvore, que terminam em aglomerados de pequenos sacos de ar (alvéolos). Os sacos de ar têm paredes muito finas cheias de pequenos vasos sanguíneos, chamados capilares. O oxigênio do ar que você inala passa para estes vasos sanguíneos e entra na corrente sanguínea. Ao mesmo tempo, o dióxido de carbono - um gás que é um produzido durante esse processo - é exalado.
Seus pulmões contam com a elasticidade natural dos brônquios e sacos aéreos para forçar o ar para fora do seu corpo - por isso seu peito infla na inspiração e desincha da expiração. A DPOC faz com que eles percam essa elasticidade, o que deixa um pouco de ar preso em seus pulmões quando você expira.

Obstrução das vias aéreas

O enfisema, parte do quadro de DPOC, provoca a destruição das paredes frágeis e fibras elásticas dos alvéolos. Isso ocasiona um pequeno colapso das vias aéreas quando você expira, prejudicando o fluxo de ar para fora de seus pulmões. Já a bronquite crônica deixa os brônquios inflamados, e por isso eles passam a produzir mais muco. Isso pode bloquear as ramificações mais estreitas, causando a dificuldade na respiração. Além disso, seu organismo desenvolve a tosse crônica, na tentativa de limpar suas vias respiratórias.

Fatores de risco

Tabagismo

O tabagismo é o principal fator de risco para DPOC, causando cerca de 85% dos casos da doença. Isso porque a fumaça inalada leva a inflamação pulmonar, causando a obstrução dos brônquios e a destruição dos alvéolos (enfisema), responsáveis pelas trocas gasosas. Se a pessoa parar de fumar antes de apresentar perda da função pulmonar, é possível que não venha a apresentar os sintomas da doença. Caso já tenha desenvolvido a DPOC, a doença poderá não progredir com a retirada do cigarro e o tratamento correto. Quanto ao tabagismo passivo, não se sabe ainda se ele causa DPOC, porém os fumantes passivos têm mais tosse e secreção pulmonar.
Pessoas com asma ou outras doenças respiratórias têm mais chances de desenvolver a DPOC caso sejam fumantes.

Exposição a gases

Pessoas que nunca fumaram, mas estiveram expostas a substâncias tóxicas, poluição, gases ou fumaça também podem desenvolver a doença, devido à resposta inflamatória dos pulmões à longa exposição desses poluentes.

Deficiência de alfa-1- antitripsina

Em cerca de 1% das pessoas com DPOC, a doença resulta de uma perturbação genética que causa os baixos níveis de uma proteína chamada alfa-1-antitripsina (AAT). Ela é produzida no fígado e secretada na circulação sanguínea para ajudar a proteger os pulmões. A deficiência de alfa-1-antitripsina podem causar danos no fígado, bem como os pulmões. Para aqueles com DPOC relacionada com a deficiência de AAT, as opções de tratamento são as mesmas que para as pessoas com tipos mais comuns de DPOC. Algumas pessoas podem ser tratadas através da substituição da proteína AAT deficiente, o que pode evitar mais danos aos pulmões.

Idade

A DPOC se desenvolve lentamente ao longo dos anos, por isso a maioria das pessoas tem entre 35 a 40 anos quando os sintomas começam.

Sintomas de DPOC

Durante as fases iniciais, o comprometimento da função pulmonar pode ser assintomático, dificultando seu diagnóstico. Os primeiros sintomas são tosse e catarro, mas as pessoas não procuram um médico nessa situação, pois acham que são consequências somente do cigarro (pigarro do fumante). Quando surge a falta de ar ou cansaço a doença pode estar em fase mais avançada.
A DPOC demora cerca de 20 anos para se instalar por completo no organismo. Exatamente por isso, quando os sintomas aparecem, as pessoas acreditam ser apenas sinais de envelhecimento. Por isso, é importante que fumantes e ex-fumantes fiquem atentos a qualquer sinal de falta de ar procurem um especialista logo que apresentarem os primeiros sintomas.
A recomendação da sociedade médica é que consultem um pneumologista para avaliação quando tiverem sintomas respiratórios. Mas há um teste da Iniciativa Global para a DPOC (GOLD) que pode ser realizado para rastrear a doença. Basta responder sim ou não às questões abaixo:
  • Você tosse diariamente?
  • Você tem catarro todos os dias?
  • Você se cansa mais do que uma pessoa da sua idade?
  • Você tem mais de 40 anos?
  • Você é fumante ou ex-fumante?
Três respostas positivas indicam a necessidade de consultar um pneumologista para a realização de espirometria, exame utilizado como uma das etapas do diagnóstico da DPOC.
Outros sintomas de DPOC incluem:
  • Falta de ar, especialmente durante as atividades físicas
  • Chiado no peito
  • Aperto no peito
  • Ter que limpar a garganta logo no início da manhã, devido ao excesso de muco nos pulmões
  • Tosse crônica que produz expectoração. O muco pode ser claro, branco, amarelo ou esverdeado
  • Lábios ou camas de unha azulados (cianose)
  • Infecções respiratórias frequentes
  • Falta de energia
  • Perda de peso não intencional (em fases mais avançadas).
Pessoas com DPOC também são propensas a experimentar episódios chamados de exacerbações, durante o qual os sintomas se tornam piores e persistem por dias. No período da manhã, por exemplo, o paciente com DPOC tem grande dificuldade, precisando de mais tempo que outras pessoas para começar o seu dia. Ações como trocar uma roupa, escovar dentes e andar de um cômodo para o outro viram um desafio diário.

Asma x DPOC

É comum as pessoas confundirem a falta de ar causada pela DPOC com sintomas de asma, mas as doenças são diferentes. A falta de ar típica da asma oscila, agravando-se nas crises. Já a falta de ar da DPOC piora com o passar do tempo e não retorna à situação de normalidade, sendo, assim, progressiva e diária. Além disso, ao contrário da DPOC, a asma não está diretamente ligada ao tabagismo. O hábito de fumar piora os sintomas da asma, mas há outras causas envolvidas com a doença. A DPOC, por sua vez, tem como principal causa o cigarro. Para que alguém desenvolva a DPOC, são necessários anos inalando fumaça, principalmente do cigarro. Já a asma é uma doença decorrente da hipersensibilidade a estímulos externos e com fundo genético.

Na consulta médica

Se você for a um clínico geral e ele desconfiar de DPOC, você provavelmente será encaminhado para um pneumologista, um médico especialista em doenças pulmonares. Antes da consulta, você pode escrever uma lista de respostas para as seguintes perguntas que o médico provavelmente fará:
  • Quais os sintomas que você está enfrentando? Quando começaram?
  • Você fica com falta de ar facilmente?
  • Você já notou qualquer chiado quando você respira?
  • Você fuma ou já fumou?
  • O que faz com que seus sintomas piorem ou melhorem?
  • Alguém na sua família tem DPOC?
  • Você já fez algum tratamento para os sintomas? Se sim, o que ajudava?
  • Você está em tratamento para outras condições médicas?
  • Quais medicamentos e suplementos você toma regularmente?
Você pode querer ter um amigo ou membro da família acompanhando sua consulta. Muitas vezes, dois conjuntos de ouvidos são melhores do que um quando você está aprendendo sobre um problema médico complicado como a DPOC. Tome notas se isso ajudar.

Diagnóstico de DPOC

Porém, o diagnóstico na fase inicial da doença é extremamente importante para impedir seu avanço e o comprometimento maior das funções pulmonares, além de garantir a maior eficácia do tratamento. Estudos revelam que a deterioração da doença é mais rápida nas fases iniciais - assim sendo, a intervenção precoce se faz ainda mais importante e necessária. No entanto, a maioria dos doentes é diagnosticada já numa fase moderada ou grave, depois de um primeiro episódio de agravamento da doença ou quando surgem queixas de cansaço fácil e de dificuldade respiratória.
O diagnóstico da DPOC é feito baseado as alterações identificadas no exame físico, aliado às alterações referidas pelo paciente. O diagnóstico deve ser confirmado por alguns exames:

Espirometria

A espirometria ou prova de função pulmonar é um exame que avaliamos os volumes e fluxos de ar que entram e saem do pulmão. Utiliza-se um aparelho no qual a pessoa assopra em um bocal, chamado espirômetro, e avalia-se o fluxo e a quantidade de ar que sai dos pulmões. Se o resultado indicar alguma alteração, outros exames serão necessários para confirmar um diagnóstico de DPOC.

Gasometria arterial

A gasometria arterial mede o pH e os níveis de oxigênio e dióxido de carbono no sangue de uma artéria. Esse exame é utilizado para verificar se os seus pulmões são capazes de mover o oxigênio dos brônquios para o sangue e remover o dióxido de carbono do sangue.

Exames de imagem

A radiografia de tórax pode mostrar enfisema, uma das principais causas da DPOC. Um raio-X também pode descartar outros problemas pulmonares ou insuficiência cardíaca, confirmando o diagnóstico de DPOC. A tomografia computadorizada dos pulmões pode ajudar a detectar enfisema e a determinar se você pode se beneficiar de uma cirurgia para a DPOC. Tomografia computadorizada também pode ser usada para detectar o câncer de pulmão, que é comum entre pessoas com DPOC.

Tratamento de DPOC

Um diagnóstico de DPOC não é o fim do mundo. Para todos os estágios da doença, o tratamento eficaz está disponível, que pode controlar os sintomas, reduzir o risco de complicações e exacerbações e melhorar a sua capacidade de levar uma vida ativa. Confira as principais modalidades de tratamento:

Cessar o tabagismo

O passo mais importante em qualquer plano de tratamento para a DPOC é parar de fumar. É a única maneira de evitar que a DPOC se agrave. Mas parar de fumar não é fácil. E essa tarefa pode parecer particularmente difícil se você já tentou parar de fumar e não obteve sucesso. Converse com seu médico sobre os produtos de reposição de nicotina e medicamentos que podem ajudar, assim como a forma de lidar com as recaídas. Também é uma boa ideia para evitar exposição ao fumo passivo, sempre que possível.

Broncodilatadores

Esses medicamentos - que geralmente vêm em um inalador - relaxam os músculos em torno de suas vias aéreas. Isso pode ajudar a aliviar a tosse e falta de ar e facilitar a respiração. Há broncodilatadores de curta duração (de quatro a seis horas de ação) e de longa duração (de 12 a 24 horas de ação), mas nenhum desses é um tratamento preventivo, devendo ser associado a outros medicamentos. Dependendo da gravidade da sua doença, você pode precisar de um broncodilatador de curta ação antes das atividades, um broncodilatador de longa duração que você usa todos os dias ou de ambos.
Os broncodilatadores podem ser ministrados por meio de nebulizadores, nebulímetros (sprays ou "bombinhas"), turbohaler (um tipo de "bombinha" que se inala um pó seco), rotadisks (uma "bombinha" com formato de disco que se inala um pó seco).

Corticosteroides inalados

Essa classe de medicamentos inclui fluticasona, budesonida, mometasona, ciclesonida, flunisolide, beclometasona e outros. As inalações são feitas com inaladores portáteis, por meio de sprays ou em forma de pó. O tempo de ação pode ser de quatro, 12 ou 24 horas, e o espaço entre as inalações varia conforme esse intervalo. Esses medicamentos são úteis para as pessoas com exacerbações frequentes da DPOC. Ao contrário dos corticosteroides orais, que passam primeiro pela corrente sanguínea para então atingir seu alvo, os corticosteroides inalados têm um risco relativamente baixo de efeitos colaterais e são geralmente seguros para uso contínuo. Você pode precisar usar esses medicamentos durante vários dias ou semanas antes que eles atinjam o seu máximo benefício.

Outros medicamentos

  • Inaladores de combinação: são medicamentos que combinam broncodilatadores e corticosteroides inalados, geralmente indicados para pacientes que necessitam de ambos os tratamentos. São indicados para controlar a falta de ar em pessoas com DPOC ou asma
  • Corticosteroides orais: para as pessoas que têm uma exacerbação aguda moderada ou grave, esses medicamentos evitam agravamento da DPOC. No entanto, eles podem ter efeitos secundários graves, tais como ganho de peso, diabetes, osteoporose, cataratas e um risco aumentado de infecção
  • Teofilina: medicamento que ajuda a melhorar a respiração e previne exacerbações. A teofilina funciona principalmente como broncodilatador, mas possui efeito anti-inflamatório, sendo também associada aos corticoides. Os efeitos colaterais podem incluir náuseas, batimentos cardíacos acelerados e tremor
  • Antibióticos: infecções respiratórias como bronquite aguda, pneumonia e influenza podem agravar os sintomas da DPOC. Os antibióticos ajudam a combater as crises agudas
  • Inibidores de fosfodiesterase-4: é um anti-inflamatório para combater a inflamação nos pulmões e brônquios, além de reduzir o número de crises ou exacerbações. Ele deve ser sempre complementar aos broncodilatadores e nunca deve ser usado de forma isolada. A administração é oral.

Terapias

Os médicos costumam usar esses tratamentos adicionais para pessoas com DPOC moderada ou grave:
  • A terapia com oxigênio: Se não há oxigênio suficiente no sangue, você pode precisar de oxigênio suplementar. Existem vários dispositivos para fornecer oxigênio para os pulmões, incluindo unidades portáteis leves que você pode levar para qualquer lugar. Algumas pessoas com DPOC usam oxigênio apenas durante as atividades ou durante o sono. Outros usam oxigênio o tempo todo. A terapia com oxigênio pode melhorar a qualidade de vida e é a única terapia de DPOC que comprovadamente prolonga a vida do paciente. Converse com seu médico sobre suas necessidades e opções
  • Programa de reabilitação pulmonar: esses programas normalmente combinam treinamento físico, aconselhamento nutricional e aconselhamento sobre a doença. Você vai trabalhar com uma variedade de especialistas, que podem adaptar o programa de reabilitação para atender às suas necessidades. A reabilitação pulmonar pode reduzir as hospitalizações, aumentar a sua capacidade de participar em atividades diárias e melhorar a sua qualidade de vida. Converse com seu médico sobre o encaminhamento a um programa.

Gerenciando exacerbações

Mesmo com o tratamento, podem ocorrer momentos em que os sintomas pioram em dias ou semanas. Isso é chamado de uma exacerbação aguda, e pode levar à insuficiência respiratória se você não receber tratamento imediato. As exacerbações podem ser causadas por uma infecção respiratória, poluição do ar ou outras formas de inflamação. Seja qual for a causa, é importante procurar ajuda médica imediata se você notar um aumento sustentado da tosse, uma mudança no seu muco ou se você estiver respirando com mais dificuldade.
Quando ocorrem exacerbações, você pode precisar de medicamentos adicionais (como antibióticos ou corticosteroides), oxigênio suplementar ou tratamento no hospital. Para evitar exacerbações futuras, tome medidas como como tomar corticosteroides inalatórios ou broncodilatadores de longa duração, tomar a sua vacina anual contra a gripe e evitar a poluição do ar sempre que possível. Para mais informações, converse com o médico.

Cirurgia

A cirurgia é uma opção para pessoas com alguns tipos de enfisema grave que não são tratados suficientemente por medicamentos:
  • Cirurgia de redução dos volumes pulmonares: nesse procedimento, o cirurgião faz a ressecção e remove pequenas fatias de tecido pulmonar danificado, que não estão mais funcionando. Isso permite que as áreas restantes possam se expandir e realizar suas funções com maior qualidade
  • Transplante pulmonar: o transplante de pulmão pode ser uma opção para pacientes em estágio avançado da doença que não obtiveram pleno sucesso com outros tratamentos e possuem uma expectativa de vida baixa. Outros critérios mais específicos, como volumes pulmonares comprometidos, também podem ser levados em conta. O transplante pode melhorar a capacidade do paciente de respirar e de ser ativo, mas é uma grande operação que tem riscos significativos, tais como a rejeição de órgãos.

Medicamentos para DPOC

Os medicamentos mais usados para o tratamento de DPOC são:
Somente um médico pode dizer qual o medicamento mais indicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Siga sempre à risca as orientações do seu médico e NUNCA se automedique. Não interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes e, se tomá-lo mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que a prescrita, siga as instruções na bula.

Convivendo/ Prognóstico

Viver com a DPOC pode ser um desafio. Talvez você tenha que desistir de algumas atividades anteriormente apreciadas e se adaptar a algumas mudanças:

Repouse os antes de atividades cansativas

Rotinas simples como se vestir, comer, dirigir e até tomar banho podem ser muito difíceis de para o paciente com DPOC. Por isso é importante que ele repouse antes de realizar um esforço, visando a conservação de energia. Fazendo isso, o paciente consegue realizar mais atividades sem se cansar, melhorando a disposição, a autoestima e mantendo-se independente.

Vista-se sem sufoco

O ideal para o paciente é se vestir ou se despir sentando na cama, sempre lentamente e mantendo a respiração mais tranquila possível. Lembre-se que soltar o ar deve durar o dobro do tempo que você gastou para encher os pulmões. Use apoios para os cotovelos e fique sentado na cama ou cadeira. Deixar as roupas já separadas na cama e sair do banheiro de roupão também ajudam a economizar energia para se vestir.

Tome banho sentado

O banho é uma atividade em que usamos muito os membros superiores. Para o paciente com DPOC, isso significa alterar a utilização de músculos acessórios da respiração, comprimir o peito ao erguer as mãos para lavar a cabeça e flexionar o tronco para lavar pernas. Isso provoca uma sensação de falta de ar mais rápida que o normal. Ao utilizar um banco ou cadeira de plástico, o paciente consegue diminuir o gasto energético no banho e melhorar essa sensação de cansaço. A dica do roupão também ajuda o paciente a retirar a umidade do corpo sem esforço, tornando a tarefa de se enxugar menos trabalhosa.

Barras de segurança no banheiro

O vaso sanitário é baixo e faz com que a hora de levantar seja mais complicada para o paciente com a DPOC. As alternativas possíveis são aumentar a altura do vaso com adaptadores próprios para esse fim, ou usar barras de segurança que auxiliem o paciente a se levantar, tanto no vaso sanitário quanto no box do banheiro. Outra dica é colocar o pé um pouco mais atrás da linha do joelho ao chão, isso faz com que a hora de levantar seja mais fácil.

Instale um sistema para abertura da tampa do vaso

Isso fará com que o paciente não tenha que flexionar o tronco para levantar a tampa manualmente, facilitando a tarefa. Em alguns países já existe uma tecnologia em que se pisa em um botão para levantar a tampa e em outro para dar a descarga, facilitando ainda mais a atividade.

Encarando as escadas

Subir e descer escadas são as tarefas mais difíceis e dispendiosas que existem dentro de casa, essa atividade toma 1040 ml de oxigênio por minuto, enquanto o corpo em repouso usa apenas 200ml/min. A principal dica é instalar corrimão na escada, isso fará com que o paciente tenha mais segurança, firmeza e equilíbrio. Não tenha pressa na escada, vá devagar, passo a passo, e respire mais lenta e profundamente durante e após a subida.

Escovar os dentes e pentear os cabelos

Manter os cotovelos apoiados enquanto estiver penteando os cabelos ou escovando os dentes ajuda na conservação de energia, bem como praticá-las sentado. O espelho deve ficar um pouco mais baixo para que essa atividade seja bem executada.

Organize suas tarefas

O paciente deve adequar o ambiente e se organizar de modo que algumas atividades não se repitam todos os dias. Lavar roupas e estendê-las em dois dias consecutivos, por exemplo, cansa demais o portador de DPOC. Organizar a agenda de tarefas da casa é fundamental, para que as atividades pesadas sejam feitas em dias alternados e nunca de uma vez só. Gavetas, utensílios e equipamentos da cozinha que usamos com frequência devem sempre ficar na altura do tronco, dispensando a necessidade de se flexionar para pegá-los. Para quem mora em sobrados, a recomendação é concentrar as atividades do dia em apenas um andar, ou com o mínimo possível de subidas e descidas.

Cuidados ao dirigir

Se possível, o portador deve dar preferência a modelos completos de carro, com vidros e travas elétricas, direção hidráulica e câmbio automático. Também deve fazer uma boa regulagem da altura do banco, para que não fique forçando demais a musculatura do pescoço ao dirigir. Fique sentado normalmente, apoiando suas costas no banco e os punhos encostados no volante, de modo que seu braço não fique esticado demais, poupando energia. Não dirija com os pés nos pedais, isso é uma mania muito comum que sobrecarrega a musculatura das pernas. Se necessário coloque um apoio ou almofada na coluna lombar para não sobrecarregá-la.

Cuidados ao fazer exercícios

Antes de começar a fazer exercício físico, é fundamental que o portador de DPOC vá ao médico e faça exames para ver se ele está apto a fazer a atividade e ainda quais são os limites que devem ser respeitados durante o treino. Caso o paciente esteja bem, mas apresente queda da oxigenação, haverá a necessidade de usar oxigênio extra através de um cateter nasal durante o exercício. Caso o paciente esteja bem e não tenha queda da oxigenação, poderá se exercitar sem uso de oxigênio extra, apenas prestando atenção aos sinais do corpo, como cansaço e falta de ar.
Caso você sinta falta de ar, cansaço extremo, chiado no peito, tontura e sensação de coração acelerado, o recomendado é parar o exercício e respirar tranquilamente até que se sinta bem novamente.
A doença pulmonar obstrutiva crônica causa a liberação de mediadores inflamatórios na corrente sanguínea que chegam aos músculos e causam seu enfraquecimento. Para brecar esse efeito danoso, o ideal é fazer exercícios físicos de resistência, como a musculação, por exemplo. Ela ajuda a reverter a perda de massa muscular e de quebra pode melhorar a restrição pulmonar, já que o músculo treinado capta o oxigênio do sangue com mais facilidade. Mas antes de começar esse treino, o paciente deve conversar com o médico e sempre iniciar com exercícios leves.

Complicações possíveis

  • Infecções respiratórias: pessoas com DPOC são mais suscetíveis a resfriados, gripe e pneumonia. Qualquer infecção respiratória pode tornar a respiração muito mais difícil e produzir mais danos ao tecido pulmonar. Dessa forma, o ideal é tomar a vacina contra a gripe anual e a vacina pneumocócica conjugada, que ajudam a prevenir algumas infecções
  • Pressão arterial elevada: a DPOC pode elevar a pressão arterial nas artérias que levam sangue para os pulmões, gerando a chamada hipertensão pulmonar
  • Problemas cardíacos: por razões que não são totalmente compreendidas, a DPOC aumenta o risco de doenças cardíacas, incluindo infarto. Isso não quer dizer que todas as pessoas que tem DPOC terão alguma complicação cardíaca, apenas o risco é maior
  • Câncer de pulmão: fumantes com bronquite crônica, uma das manifestações da DPOC, têm maior risco de desenvolver câncer de pulmão do que os fumantes que não têm bronquite crônica
  • Depressão: a dificuldade em respirar pode impedir o pacientes de fazer atividades que goste. E lidar com a doença grave pode contribuir para o desenvolvimento da depressão. Converse com seu médico se você sentir-se triste, impotente ou pensar que você pode estar sofrendo de depressão.

Prevenção

Ao contrário de algumas doenças, a DPOC tem uma causa clara e um caminho claro de prevenção. A maioria dos casos está diretamente relacionada ao tabagismo, e a melhor maneira de prevenir a DPOC é nunca fumar ou parar de fumar. A exposição ocupacional a vapores químicos e poeira é outro fator de risco para a DPOC. Se você trabalha com este tipo de irritante para o pulmão, converse com seu supervisor sobre as melhores maneiras de se proteger, como o uso de equipamentos de proteção respiratória.
Confira os métodos que podem te ajudar a parar de fumar:

Gomas de nicotina

As gomas de mascar feitas à base de nicotina devem ser utilizadas quando o paciente estiver com sintomas de abstinência ou vontade intensa de fumar. Aos serem mastigados, os chicletes liberam nicotina gradualmente, e esta é absorvida pela mucosa oral, com pico em 20 minutos. Nesse caso, a ação da nicotina no organismo é diferente de quando é inalada com a fumaça do cigarro, pois será depositada na corrente sanguínea em doses pequenas com o objetivo de controlar o vício. Um fator importante para que o uso desses chicletes seja eficaz é sua técnica de utilização. Eles não devem ser mastigados como um chiclete comum, e sim mascados algumas vezes até que o sabor da nicotina fique aparente, e após isso deve-se depositar o chiclete entre a gengiva e a bochecha até que o gosto desapareça. O mesmo ciclo de mastigar e depositar o chiclete deve ser repetido até que se completem 30 minutos de uso, quando ele deve ser desprezado.
As gomas de nicotina são contraindicadas para pacientes com distúrbios da articulação temporo-mandibular, má dentição ou gengivite e gestantes. No caso das futuras mães, sabe-se que a nicotina está associada ao nascimento de bebês de baixo peso, devendo ser excluída toda a nicotina da gestação. Entretanto, a utilização das terapias de reposição de nicotina, como adesivos e chicletes, ainda é mais segura que continuar fumando. Os efeitos colaterais podem incluir náuseas, vômito, dor abdominal, cefaleia, tosse, excesso de salivação e irritação da mucosa da orofaringe. Além disso, ingerir líquidos enquanto masca a goma pode "lavar" a nicotina bucal, tornando o produto ineficaz.

Pastilhas de nicotina

Parecidas com os chicletes, as pastilhas de nicotina também liberam a substância gradativamente, devendo ser usadas em baixo na língua. As pastilhas exigem uma dose maior para pacientes que fumam o primeiro cigarro em menos de 30 minutos após acordar. Por não exigir mastigação, ele pode ser usado em pacientes com distúrbios da articulação temporo-mandibular ou má dentição, mas as demais contraindicações são as mesmas do chiclete. As pastilhas de nicotina podem ser usadas por até três meses e os efeitos colaterais são similares ao da goma. O ideal é que a pastilha seja movida de um lado para o outro da boca até se dissolver completamente, sendo utilizada quando o paciente sentir vontade de fumar, não excedendo a quantidade diária indicada na bula.

Adesivos de nicotina

Com o objetivo de aumentar ainda mais as taxas de abstinência ao tabaco, foram desenvolvidos os adesivos de nicotina transdérmica. Eles devem ser usados constantemente e trocados a cada 24 horas, sem interferir nas atividades do indivíduo. Os adesivos estão indicados para todas as pessoas que querem largar o tabagismo, não possuindo nenhuma contraindicação formal, com a ressalva para gestantes. O uso dos adesivos de reposição deve ser feito durante 45 a 90 dias, sendo que a dosagem depende de quantos cigarros a pessoa fumava por dia. Entre os efeitos colaterais estão a presença de irritações na pele, que podem impedir a continuidade do tratamento. Efeitos colaterais mais comuns devido ao uso durante a noite são insônia e pesadelos, nestes casos o adesivo deve ser retirado antes de dormir.

Spray nasal de nicotina

O spray nasal libera uma solução aquosa com nicotina na mucosa nasal com rápida absorção e pico de 10 minutos, quando comparada ao chiclete e pastilha. Seu uso é recomendado por até três meses. Ele deve ser ministrado a uma ou duas doses por hora, sem exceder o número de cinco doses por hora ou 40 doses por dia. Seus efeitos colaterais mais comuns são irritação nasal e da orofaringe, rinite e lacrimejamento, sendo que 94% dos usuários apresentam algum sinal de irritação nasal nos primeiros dois dias. No entanto, nenhum desses efeitos justifica a suspensão do tratamento. O produto pode ser usado em conjunto com outras formas de reposição, conforme indicação médica. A maioria dos pacientes usa em média 15 doses por dia, diminuindo o número de doses com o passar do tempo. Esse produto ainda não é comercializado no Brasil, estando disponível apenas para pessoas que podem importá-lo de outros países.

Bupropiona

Originalmente um antidepressivo, essa medicação foi aprovada pelo Food and Drug Administration (FDA) para tratamento do tabagismo. Seu efeito no combate ao tabaco foi descoberto em estudos para verificar seus efeitos contra a depressão, nos quais os participantes declaravam diminuição do desejo de fumar. Diferente das terapias de reposição de nicotina citadas acima, os fumantes devem iniciar o uso da bupropiona uma semana antes da abstinência. Ela é administrada por meio de comprimidos via oral e age no sistema nervoso central, não sendo recomendado que a pessoa fume durante o tratamento. Os efeitos colaterais mais comuns são insônia, agitação, boca seca e dor de cabeça. Os especialistas lembram que a bupropiona pode ser usada em conjunto com outras terapias de reposição, como o chiclete de nicotina, mas independente de ser ministrada individualmente ou não, pede o acompanhamento médico.

Parada abrupta

Algumas pessoas optam por não usar qualquer tipo de terapia ou medicamento para cessar o vício, optando apenas pela parada imediata - que consiste em marcar uma data para largar o vício e, chegado o dia, não ter qualquer cigarro guardado e interromper seu uso. É importante nessa situação que o paciente receba acompanhamento psicológico, para atingir com sucesso a abstenção do tabagismo sem reincidência do vício. Os principais efeitos colaterais da parada imediata podem ser ganho de peso e ansiedade.

Parada gradual

O método de parada gradual consiste em diminuir o número de cigarros com o passar dos dias ou então retardar a hora do primeiro cigarro. Com a parada gradual, você tem um risco menor de abstinência, mas o sucesso muitas vezes é dependente do acompanhamento médico e psicológico. A redução varia conforme a quantidade que o paciente fuma. Um fumante de 30 cigarros por dia, por exemplo, pode reduzir cinco cigarros a cada dia, cessando completamente após uma semana. Ou então, uma pessoa que começa a fumar às 9h vai atrasando em duas horas o seu primeiro cigarro a cada dia, chegando ao sétimo dia sem cigarros. A estratégia gradual não deve durar mais de duas semanas, pois pode se tornar uma forma de adiar, e não de parar de fumar. O mais importante é marcar uma data para que seja seu primeiro dia de ex-fumante.
Lembre-se também que fumar cigarros de baixos teores não é uma boa alternativa, pois todos os derivados do tabaco (cigarros, charutos, cachimbos, cigarros de Bali, cigarrilhas, narguilé, entre outros) fazem mal à saúde. Ao sinal de dificuldades, o paciente pode optar por terapias de reposição de nicotina associado à parada gradual.

Cigarro eletrônico


A comercialização do cigarro eletrônico é proibida no Brasil. O cartucho interno desses produtos contém nicotina, a mesma substância dos cigarros comuns que causa dependência, apesar de os fabricantes alegarem que a fumaça é apenas vapor d’água. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária afirma que não há evidências de que o dispositivo tenha alguma utilidade no processo de cessação do tabagismo. Como se trata de um produto não regulamentado, não há como saber de fato quais são as substâncias presentes nesses cigarros nem se elas podem trazer malefícios. Existem pesquisas sobre o cigarro eletrônico que não mostraram benefício a longo prazo, mas sim problemas e dificuldades respiratórias nos usuários. Fonte: minhavida 

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