DPOC: sintomas, tratamentos e causas
O que é DPOC?
A DPOC é uma doença
crônica intimamente ligada ao tabagismo, que pode se
agravar sem o tratamento adequado, comprometendo significativamente a qualidade
de vida. Segundo a Organização Mundial da Saúde, a DPOC será a terceira
principal causa de morte em 2020.
É comum as pessoas
acharem que a DPOC é uma doença de pessoas idosas e, por isso, não se
preocuparem com ela. Na verdade, a doença atinge principalmente pessoas com
mais de 40 anos, podendo inclusive ser identificada em pessoas mais jovens.
Os pacientes com
DPOC grave têm falta de ar com a maioria das atividades e são internados no
hospital com muita frequência. Ente as possíveis complicações da doença estão o
desenvolvimento de arritmias, necessidade de máquina de respiração e
oxigenoterapia, insuficiência cardíaca no lado direito ou cor
pulmonale (inchaço do coração ou insuficiência cardíaca devido à doença
pulmonar crônica), pneumonia, pneumotórax, perda de peso ou desnutrição grave
e osteoporose.
A doença pulmonar
obstrutiva crônica (DPOC) refere-se a um grupo de doenças pulmonares que
bloqueiam o fluxo de ar, tornando a respiração difícil. Só no Brasil, cerca de
cinco milhões de pessoas sofrem com o problema. É uma doença lenta, que
frequentemente se inicia com discreta falta de ar associada a esforços como
subir escadas, andar depressa ou praticar atividades esportivas. No entanto,
com o passar do tempo, a falta de ar (dispneia) se torna mais intensa e surge
depois de esforços cada vez menores. Nas fases mais avançadas, a falta de ar
está presente mesmo com o doente em repouso e agrava-se muito diante das
atividades mais corriqueiras.
Existem duas formas principais de DPOC. A maioria das pessoas
com DPOC tem uma combinação dessas condições:
- Bronquite
crônica, que envolve tosse prolongada com muco
- Enfisema, que envolve a
destruição dos pulmões ao longo do tempo.
Causas
Quando você respira, entra ar nos seus pulmões através de dois grandes
tubos, chamados brônquios. Dentro de seus pulmões, estes tubos criam diversas
ramificações, como uma árvore, que terminam em aglomerados de pequenos sacos de
ar (alvéolos). Os sacos de ar têm paredes muito finas cheias de pequenos vasos
sanguíneos, chamados capilares. O oxigênio do ar que você inala passa para
estes vasos sanguíneos e entra na corrente sanguínea. Ao mesmo tempo, o dióxido
de carbono - um gás que é um produzido durante esse processo - é exalado.
Seus pulmões contam com a elasticidade natural dos brônquios e
sacos aéreos para forçar o ar para fora do seu corpo - por isso seu peito infla
na inspiração e desincha da expiração. A DPOC faz com que eles percam essa
elasticidade, o que deixa um pouco de ar preso em seus pulmões quando você expira.
Obstrução
das vias aéreas
O enfisema, parte do quadro de DPOC, provoca a destruição das
paredes frágeis e fibras elásticas dos alvéolos. Isso ocasiona um pequeno
colapso das vias aéreas quando você expira, prejudicando o fluxo de ar para
fora de seus pulmões. Já a bronquite crônica deixa os brônquios inflamados, e
por isso eles passam a produzir mais muco. Isso pode bloquear as ramificações
mais estreitas, causando a dificuldade na respiração. Além disso, seu organismo
desenvolve a tosse crônica, na tentativa de limpar suas vias respiratórias.
Fatores de
risco
Tabagismo
O tabagismo é o principal fator de risco para DPOC,
causando cerca de 85% dos casos da doença. Isso porque a fumaça inalada leva a
inflamação pulmonar, causando a obstrução dos brônquios e a destruição dos
alvéolos (enfisema), responsáveis pelas trocas gasosas. Se a pessoa parar de
fumar antes de apresentar perda da função pulmonar, é possível que não venha a
apresentar os sintomas da doença. Caso já tenha desenvolvido a DPOC, a doença
poderá não progredir com a retirada do cigarro e o tratamento correto. Quanto
ao tabagismo passivo, não se sabe ainda se ele causa DPOC, porém os fumantes
passivos têm mais tosse e secreção pulmonar.
Pessoas com asma ou outras doenças respiratórias têm mais
chances de desenvolver a DPOC caso sejam fumantes.
Exposição a
gases
Pessoas que nunca fumaram, mas estiveram expostas a substâncias
tóxicas, poluição, gases ou fumaça também podem desenvolver a doença, devido à
resposta inflamatória dos pulmões à longa exposição desses poluentes.
Deficiência
de alfa-1- antitripsina
Em cerca de 1% das pessoas com DPOC, a doença resulta de uma
perturbação genética que causa os baixos níveis de uma proteína chamada
alfa-1-antitripsina (AAT). Ela é produzida no fígado e secretada na circulação
sanguínea para ajudar a proteger os pulmões. A deficiência de
alfa-1-antitripsina podem causar danos no fígado, bem como os pulmões. Para
aqueles com DPOC relacionada com a deficiência de AAT, as opções de tratamento
são as mesmas que para as pessoas com tipos mais comuns de DPOC. Algumas
pessoas podem ser tratadas através da substituição da proteína AAT deficiente,
o que pode evitar mais danos aos pulmões.
Idade
A DPOC se desenvolve lentamente ao longo dos anos, por isso a
maioria das pessoas tem entre 35 a 40 anos quando os sintomas começam.
Sintomas de DPOC
Durante as fases iniciais, o comprometimento da função pulmonar
pode ser assintomático, dificultando seu diagnóstico. Os primeiros sintomas são
tosse e catarro, mas as pessoas não procuram um médico nessa situação, pois
acham que são consequências somente do cigarro (pigarro do fumante). Quando surge a falta
de ar ou cansaço a doença pode estar em fase mais avançada.
A DPOC demora cerca de 20 anos para se instalar por completo no
organismo. Exatamente por isso, quando os sintomas aparecem, as pessoas acreditam
ser apenas sinais de envelhecimento. Por isso, é importante que fumantes e
ex-fumantes fiquem atentos a qualquer sinal de falta de ar procurem um
especialista logo que apresentarem os primeiros sintomas.
A recomendação da sociedade médica é que consultem um
pneumologista para avaliação quando tiverem sintomas respiratórios. Mas há um
teste da Iniciativa Global para a DPOC (GOLD) que pode ser realizado para
rastrear a doença. Basta responder sim ou não às questões abaixo:
- Você
tosse diariamente?
- Você
tem catarro todos os dias?
- Você
se cansa mais do que uma pessoa da sua idade?
- Você
tem mais de 40 anos?
- Você
é fumante ou ex-fumante?
Três respostas positivas indicam a necessidade de consultar um
pneumologista para a realização de espirometria, exame utilizado como uma das
etapas do diagnóstico da DPOC.
Outros sintomas de DPOC incluem:
- Falta
de ar, especialmente durante as atividades físicas
- Chiado
no peito
- Aperto
no peito
- Ter
que limpar a garganta logo no início da manhã, devido ao excesso de muco
nos pulmões
- Tosse
crônica que produz expectoração. O muco pode ser claro, branco, amarelo ou
esverdeado
- Lábios
ou camas de unha azulados (cianose)
- Infecções
respiratórias frequentes
- Falta
de energia
- Perda
de peso não intencional (em fases mais avançadas).
Pessoas com DPOC também são propensas a experimentar episódios
chamados de exacerbações, durante o qual os sintomas se tornam piores e persistem
por dias. No período da manhã, por exemplo, o paciente com DPOC tem grande
dificuldade, precisando de mais tempo que outras pessoas para começar o seu
dia. Ações como trocar uma roupa, escovar dentes e andar de um cômodo para o
outro viram um desafio diário.
Asma x DPOC
É comum as pessoas confundirem a falta de ar causada pela DPOC
com sintomas de asma, mas
as doenças são diferentes. A falta de ar típica da asma oscila, agravando-se nas
crises. Já a falta de ar da DPOC piora com o passar do tempo e não retorna à
situação de normalidade, sendo, assim, progressiva e diária. Além disso, ao
contrário da DPOC, a asma não está diretamente ligada ao tabagismo. O hábito de fumar piora os sintomas da asma, mas há outras
causas envolvidas com a doença. A DPOC, por sua vez, tem como principal causa o
cigarro. Para que alguém desenvolva a DPOC, são necessários anos inalando
fumaça, principalmente do cigarro. Já a asma é uma doença decorrente da
hipersensibilidade a estímulos externos e com fundo genético.
Na consulta médica
Se você for a um clínico geral e ele desconfiar de DPOC, você
provavelmente será encaminhado para um pneumologista, um médico especialista em
doenças pulmonares. Antes da consulta, você pode escrever uma lista de
respostas para as seguintes perguntas que o médico provavelmente fará:
- Quais
os sintomas que você está enfrentando? Quando começaram?
- Você
fica com falta de ar facilmente?
- Você
já notou qualquer chiado quando você respira?
- Você
fuma ou já fumou?
- O
que faz com que seus sintomas piorem ou melhorem?
- Alguém
na sua família tem DPOC?
- Você
já fez algum tratamento para os sintomas? Se sim, o que ajudava?
- Você
está em tratamento para outras condições médicas?
- Quais
medicamentos e suplementos você toma regularmente?
Você pode querer ter um amigo ou membro da família acompanhando
sua consulta. Muitas vezes, dois conjuntos de ouvidos são melhores do que um
quando você está aprendendo sobre um problema médico complicado como a DPOC.
Tome notas se isso ajudar.
Diagnóstico
de DPOC
Porém, o diagnóstico na fase inicial da doença é extremamente
importante para impedir seu avanço e o comprometimento maior das funções pulmonares,
além de garantir a maior eficácia do tratamento. Estudos revelam que a
deterioração da doença é mais rápida nas fases iniciais - assim sendo, a
intervenção precoce se faz ainda mais importante e necessária. No entanto, a
maioria dos doentes é diagnosticada já numa fase moderada ou grave, depois de
um primeiro episódio de agravamento da doença ou quando surgem queixas de
cansaço fácil e de dificuldade respiratória.
O diagnóstico da DPOC é feito baseado as alterações
identificadas no exame físico, aliado às alterações referidas pelo paciente. O
diagnóstico deve ser confirmado por alguns exames:
Espirometria
A espirometria ou
prova de função pulmonar é um exame que avaliamos os volumes e fluxos de ar que
entram e saem do pulmão. Utiliza-se um aparelho no qual a pessoa assopra em um
bocal, chamado espirômetro, e avalia-se o fluxo e a quantidade de ar que sai
dos pulmões. Se o resultado indicar alguma alteração, outros exames serão
necessários para confirmar um diagnóstico de DPOC.
Gasometria
arterial
A gasometria arterial mede o pH e os níveis de oxigênio e dióxido
de carbono no sangue de uma artéria. Esse exame é utilizado para verificar se
os seus pulmões são capazes de mover o oxigênio dos brônquios para o sangue e
remover o dióxido de carbono do sangue.
Exames de
imagem
A radiografia de tórax pode mostrar enfisema, uma das principais
causas da DPOC. Um raio-X também pode descartar outros problemas pulmonares ou
insuficiência cardíaca, confirmando o diagnóstico de DPOC. A tomografia
computadorizada dos pulmões pode ajudar a detectar enfisema e a determinar se
você pode se beneficiar de uma cirurgia para a DPOC. Tomografia computadorizada
também pode ser usada para detectar o câncer de pulmão, que é comum entre
pessoas com DPOC.
Tratamento de DPOC
Um diagnóstico de DPOC não é o fim do mundo. Para todos os
estágios da doença, o tratamento eficaz está disponível, que pode controlar os
sintomas, reduzir o risco de complicações e exacerbações e melhorar a sua
capacidade de levar uma vida ativa. Confira as principais modalidades de
tratamento:
Cessar o
tabagismo
O passo mais importante em qualquer plano de tratamento para a
DPOC é parar de fumar. É a única maneira de evitar que a DPOC se agrave. Mas
parar de fumar não é fácil. E essa tarefa pode parecer particularmente difícil
se você já tentou parar de fumar e não obteve sucesso. Converse com seu médico
sobre os produtos de reposição de nicotina e medicamentos que podem ajudar,
assim como a forma de lidar com as recaídas. Também é uma boa ideia para evitar
exposição ao fumo passivo, sempre que possível.
Broncodilatadores
Esses medicamentos - que geralmente vêm em um inalador - relaxam
os músculos em torno de suas vias aéreas. Isso pode ajudar a aliviar a tosse e
falta de ar e facilitar a respiração. Há broncodilatadores de curta duração (de quatro a seis horas de ação) e de
longa duração (de 12 a 24 horas de ação), mas nenhum desses é um tratamento
preventivo, devendo ser associado a outros medicamentos. Dependendo da
gravidade da sua doença, você pode precisar de um broncodilatador de curta ação
antes das atividades, um broncodilatador de longa duração que você usa todos os
dias ou de ambos.
Os broncodilatadores podem ser ministrados por meio de
nebulizadores, nebulímetros (sprays ou "bombinhas"), turbohaler (um
tipo de "bombinha" que se inala um pó seco), rotadisks (uma
"bombinha" com formato de disco que se inala um pó seco).
Corticosteroides
inalados
Essa classe de medicamentos inclui fluticasona, budesonida,
mometasona, ciclesonida, flunisolide, beclometasona e outros. As inalações são
feitas com inaladores portáteis, por meio de sprays ou em forma de pó. O tempo
de ação pode ser de quatro, 12 ou 24 horas, e o espaço entre as inalações varia
conforme esse intervalo. Esses medicamentos são úteis para as pessoas com exacerbações
frequentes da DPOC. Ao contrário dos corticosteroides orais, que passam
primeiro pela corrente sanguínea para então atingir seu alvo, os
corticosteroides inalados têm um risco relativamente baixo de efeitos
colaterais e são geralmente seguros para uso contínuo. Você pode precisar usar
esses medicamentos durante vários dias ou semanas antes que eles atinjam o seu
máximo benefício.
Outros
medicamentos
- Inaladores
de combinação: são medicamentos que combinam broncodilatadores e
corticosteroides inalados, geralmente indicados para pacientes que
necessitam de ambos os tratamentos. São indicados para controlar a falta
de ar em pessoas com DPOC ou asma
- Corticosteroides
orais: para as pessoas que têm uma exacerbação aguda moderada ou grave,
esses medicamentos evitam agravamento da DPOC. No entanto, eles podem ter
efeitos secundários graves, tais como ganho de peso, diabetes,
osteoporose, cataratas e um risco aumentado de infecção
- Teofilina:
medicamento que ajuda a melhorar a respiração e previne exacerbações. A
teofilina funciona principalmente como broncodilatador, mas possui efeito
anti-inflamatório, sendo também associada aos corticoides. Os efeitos
colaterais podem incluir náuseas, batimentos cardíacos acelerados e tremor
- Antibióticos:
infecções respiratórias como bronquite aguda, pneumonia e influenza podem
agravar os sintomas da DPOC. Os antibióticos ajudam a combater as crises
agudas
- Inibidores
de fosfodiesterase-4: é um anti-inflamatório para combater a inflamação
nos pulmões e brônquios, além de reduzir o número de crises ou
exacerbações. Ele deve ser sempre complementar aos broncodilatadores e
nunca deve ser usado de forma isolada. A administração é oral.
Terapias
Os médicos costumam usar esses tratamentos adicionais para
pessoas com DPOC moderada ou grave:
- A
terapia com oxigênio: Se não há oxigênio suficiente no sangue, você pode
precisar de oxigênio suplementar. Existem vários dispositivos para
fornecer oxigênio para os pulmões, incluindo unidades portáteis leves que
você pode levar para qualquer lugar. Algumas pessoas com DPOC usam
oxigênio apenas durante as atividades ou durante o sono. Outros usam
oxigênio o tempo todo. A terapia com oxigênio pode melhorar a qualidade de
vida e é a única terapia de DPOC que comprovadamente prolonga a vida do
paciente. Converse com seu médico sobre suas necessidades e opções
- Programa
de reabilitação pulmonar: esses programas normalmente combinam treinamento
físico, aconselhamento nutricional e aconselhamento sobre a doença. Você
vai trabalhar com uma variedade de especialistas, que podem adaptar o
programa de reabilitação para atender às suas necessidades. A reabilitação
pulmonar pode reduzir as hospitalizações, aumentar a sua capacidade de
participar em atividades diárias e melhorar a sua qualidade de vida.
Converse com seu médico sobre o encaminhamento a um programa.
Gerenciando
exacerbações
Mesmo com o tratamento, podem ocorrer momentos em que os
sintomas pioram em dias ou semanas. Isso é chamado de uma exacerbação aguda, e
pode levar à insuficiência respiratória se você não receber tratamento
imediato. As exacerbações podem ser causadas por uma infecção respiratória,
poluição do ar ou outras formas de inflamação. Seja qual for a causa, é
importante procurar ajuda médica imediata se você notar um aumento sustentado da
tosse, uma mudança no seu muco ou se você estiver respirando com mais
dificuldade.
Quando ocorrem exacerbações, você pode precisar de medicamentos
adicionais (como antibióticos ou corticosteroides), oxigênio suplementar
ou tratamento no hospital. Para evitar exacerbações futuras, tome medidas como
como tomar corticosteroides inalatórios ou broncodilatadores de longa duração,
tomar a sua vacina anual contra a gripe e evitar a poluição do ar sempre que
possível. Para mais informações, converse com o médico.
Cirurgia
A cirurgia é uma opção para pessoas com alguns tipos de enfisema
grave que não são tratados suficientemente por medicamentos:
- Cirurgia
de redução dos volumes pulmonares: nesse procedimento, o cirurgião faz a
ressecção e remove pequenas fatias de tecido pulmonar danificado, que não
estão mais funcionando. Isso permite que as áreas restantes possam se
expandir e realizar suas funções com maior qualidade
- Transplante
pulmonar: o transplante de pulmão pode ser uma opção para pacientes em
estágio avançado da doença que não obtiveram pleno sucesso com outros
tratamentos e possuem uma expectativa de vida baixa. Outros critérios mais
específicos, como volumes pulmonares comprometidos, também podem ser
levados em conta. O transplante pode melhorar a capacidade do paciente de
respirar e de ser ativo, mas é uma grande operação que tem riscos
significativos, tais como a rejeição de órgãos.
Medicamentos
para DPOC
Os medicamentos mais usados para o tratamento de DPOC são:
- Aires
- Alenia
- Ares
- Atrovent
- Bamifix
- Brometo de Ipratrópio
- Bromidrato de Fenoterol
- Berotec
- Bisolvon
- Brondilat
- Carbocisteína
- Flixotide
- Fluitoss
- Foraseq
- Franol
- Ipratropio
- Leucogen
- Prednisona
Somente um médico pode dizer qual o medicamento mais indicado
para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Siga
sempre à risca as orientações do seu médico e NUNCA se automedique. Não
interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes e, se tomá-lo
mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que a prescrita, siga as
instruções na bula.
Convivendo/ Prognóstico
Viver com a DPOC pode ser um desafio. Talvez você tenha que
desistir de algumas atividades anteriormente apreciadas e se adaptar a algumas
mudanças:
Repouse os
antes de atividades cansativas
Rotinas simples como se vestir, comer, dirigir e até tomar banho
podem ser muito difíceis de para o paciente com DPOC. Por isso é importante que
ele repouse antes de realizar um esforço, visando a conservação de energia.
Fazendo isso, o paciente consegue realizar mais atividades sem se cansar,
melhorando a disposição, a autoestima e mantendo-se independente.
Vista-se sem
sufoco
O ideal para o paciente é se vestir ou se despir sentando na
cama, sempre lentamente e mantendo a respiração mais tranquila possível.
Lembre-se que soltar o ar deve durar o dobro do tempo que você gastou para
encher os pulmões. Use apoios para os cotovelos e fique sentado na cama ou
cadeira. Deixar as roupas já separadas na cama e sair do banheiro de roupão
também ajudam a economizar energia para se vestir.
Tome banho
sentado
O banho é uma atividade em que usamos muito os membros
superiores. Para o paciente com DPOC, isso significa alterar a utilização de
músculos acessórios da respiração, comprimir o peito ao erguer as mãos para
lavar a cabeça e flexionar o tronco para lavar pernas. Isso provoca uma
sensação de falta de ar mais rápida que o normal. Ao utilizar um banco ou
cadeira de plástico, o paciente consegue diminuir o gasto energético no banho e
melhorar essa sensação de cansaço. A dica do roupão também ajuda o paciente a
retirar a umidade do corpo sem esforço, tornando a tarefa de se enxugar menos
trabalhosa.
Barras de
segurança no banheiro
O vaso sanitário é baixo e faz com que a hora de levantar seja
mais complicada para o paciente com a DPOC. As alternativas possíveis são
aumentar a altura do vaso com adaptadores próprios para esse fim, ou usar
barras de segurança que auxiliem o paciente a se levantar, tanto no vaso
sanitário quanto no box do banheiro. Outra dica é colocar o pé um pouco mais
atrás da linha do joelho ao chão, isso faz com que a hora de levantar seja mais
fácil.
Instale um
sistema para abertura da tampa do vaso
Isso fará com que o paciente não tenha que flexionar o tronco
para levantar a tampa manualmente, facilitando a tarefa. Em alguns países já
existe uma tecnologia em que se pisa em um botão para levantar a tampa e em
outro para dar a descarga, facilitando ainda mais a atividade.
Encarando as
escadas
Subir e descer escadas são as tarefas mais difíceis e dispendiosas
que existem dentro de casa, essa atividade toma 1040 ml de oxigênio por minuto,
enquanto o corpo em repouso usa apenas 200ml/min. A principal dica é instalar
corrimão na escada, isso fará com que o paciente tenha mais segurança, firmeza
e equilíbrio. Não tenha pressa na escada, vá devagar, passo a passo, e respire
mais lenta e profundamente durante e após a subida.
Escovar os
dentes e pentear os cabelos
Manter os cotovelos apoiados enquanto estiver penteando os
cabelos ou escovando os dentes ajuda na conservação de energia, bem como
praticá-las sentado. O espelho deve ficar um pouco mais baixo para que essa
atividade seja bem executada.
Organize
suas tarefas
O paciente deve adequar o ambiente e se organizar de modo que
algumas atividades não se repitam todos os dias. Lavar roupas e estendê-las em
dois dias consecutivos, por exemplo, cansa demais o portador de DPOC. Organizar
a agenda de tarefas da casa é fundamental, para que as atividades pesadas sejam
feitas em dias alternados e nunca de uma vez só. Gavetas, utensílios e
equipamentos da cozinha que usamos com frequência devem sempre ficar na altura
do tronco, dispensando a necessidade de se flexionar para pegá-los. Para quem
mora em sobrados, a recomendação é concentrar as atividades do dia em apenas um
andar, ou com o mínimo possível de subidas e descidas.
Cuidados ao
dirigir
Se possível, o portador deve dar preferência a modelos completos
de carro, com vidros e travas elétricas, direção hidráulica e câmbio
automático. Também deve fazer uma boa regulagem da altura do banco, para que
não fique forçando demais a musculatura do pescoço ao dirigir. Fique sentado
normalmente, apoiando suas costas no banco e os punhos encostados no volante,
de modo que seu braço não fique esticado demais, poupando energia. Não dirija
com os pés nos pedais, isso é uma mania muito comum que sobrecarrega a
musculatura das pernas. Se necessário coloque um apoio ou almofada na coluna
lombar para não sobrecarregá-la.
Cuidados ao
fazer exercícios
Antes de começar a fazer exercício físico, é fundamental que o
portador de DPOC vá ao médico e faça exames para ver se ele está apto a fazer a
atividade e ainda quais são os limites que devem ser respeitados durante o
treino. Caso o paciente esteja bem, mas apresente queda da oxigenação, haverá a
necessidade de usar oxigênio extra através de um cateter nasal durante o
exercício. Caso o paciente esteja bem e não tenha queda da oxigenação, poderá
se exercitar sem uso de oxigênio extra, apenas prestando atenção aos sinais do
corpo, como cansaço e falta de ar.
Caso você sinta falta de ar, cansaço extremo, chiado no peito,
tontura e sensação de coração acelerado, o recomendado é parar o exercício e
respirar tranquilamente até que se sinta bem novamente.
A doença pulmonar obstrutiva crônica causa a liberação de
mediadores inflamatórios na corrente sanguínea que chegam aos músculos e causam
seu enfraquecimento. Para brecar esse efeito danoso, o ideal é fazer exercícios
físicos de resistência, como a musculação, por exemplo. Ela ajuda a reverter a
perda de massa muscular e de quebra pode melhorar a restrição pulmonar, já que
o músculo treinado capta o oxigênio do sangue com mais facilidade. Mas antes de
começar esse treino, o paciente deve conversar com o médico e sempre iniciar
com exercícios leves.
Complicações
possíveis
- Infecções
respiratórias: pessoas com DPOC são mais suscetíveis a resfriados, gripe e
pneumonia. Qualquer infecção respiratória pode tornar a respiração muito
mais difícil e produzir mais danos ao tecido pulmonar. Dessa forma, o
ideal é tomar a vacina contra a gripe anual e a vacina pneumocócica
conjugada, que ajudam a prevenir algumas infecções
- Pressão
arterial elevada: a DPOC pode elevar a pressão arterial nas artérias que
levam sangue para os pulmões, gerando a chamada hipertensão pulmonar
- Problemas
cardíacos: por razões que não são totalmente compreendidas, a DPOC aumenta
o risco de doenças cardíacas, incluindo infarto. Isso não quer dizer que
todas as pessoas que tem DPOC terão alguma complicação cardíaca, apenas o
risco é maior
- Câncer
de pulmão: fumantes com bronquite crônica, uma das manifestações da DPOC,
têm maior risco de desenvolver câncer de pulmão do que os fumantes que não
têm bronquite crônica
- Depressão:
a dificuldade em respirar pode impedir o pacientes de fazer atividades que
goste. E lidar com a doença grave pode contribuir para o desenvolvimento
da depressão. Converse com seu médico se você sentir-se triste, impotente
ou pensar que você pode estar sofrendo de depressão.
Prevenção
Ao contrário de algumas doenças, a DPOC tem uma causa clara e um
caminho claro de prevenção. A maioria dos casos está diretamente relacionada ao
tabagismo, e a melhor maneira de prevenir a DPOC é nunca fumar ou parar de
fumar. A exposição ocupacional a vapores químicos e poeira é outro fator de risco
para a DPOC. Se você trabalha com este tipo de irritante para o pulmão,
converse com seu supervisor sobre as melhores maneiras de se proteger, como o
uso de equipamentos de proteção respiratória.
Gomas de
nicotina
As gomas de mascar feitas à base de nicotina devem ser
utilizadas quando o paciente estiver com sintomas de abstinência ou vontade
intensa de fumar. Aos serem mastigados, os chicletes liberam nicotina
gradualmente, e esta é absorvida pela mucosa oral, com pico em 20 minutos.
Nesse caso, a ação da nicotina no organismo é diferente de quando é inalada com
a fumaça do cigarro, pois será depositada na corrente sanguínea em doses
pequenas com o objetivo de controlar o vício. Um fator importante para que o
uso desses chicletes seja eficaz é sua técnica de utilização. Eles não devem
ser mastigados como um chiclete comum, e sim mascados algumas vezes até que o
sabor da nicotina fique aparente, e após isso deve-se depositar o chiclete
entre a gengiva e a bochecha até que o gosto desapareça. O mesmo ciclo de
mastigar e depositar o chiclete deve ser repetido até que se completem 30
minutos de uso, quando ele deve ser desprezado.
As gomas de nicotina são contraindicadas para pacientes com
distúrbios da articulação temporo-mandibular, má dentição ou gengivite e
gestantes. No caso das futuras mães, sabe-se que a nicotina está associada ao
nascimento de bebês de baixo peso, devendo ser excluída toda a nicotina da
gestação. Entretanto, a utilização das terapias de reposição de nicotina, como
adesivos e chicletes, ainda é mais segura que continuar fumando. Os efeitos
colaterais podem incluir náuseas, vômito, dor abdominal, cefaleia, tosse,
excesso de salivação e irritação da mucosa da orofaringe. Além disso, ingerir
líquidos enquanto masca a goma pode "lavar" a nicotina bucal,
tornando o produto ineficaz.
Pastilhas de
nicotina
Parecidas com os chicletes, as pastilhas de nicotina também
liberam a substância gradativamente, devendo ser usadas em baixo na língua. As
pastilhas exigem uma dose maior para pacientes que fumam o primeiro cigarro em
menos de 30 minutos após acordar. Por não exigir mastigação, ele pode ser usado
em pacientes com distúrbios da articulação temporo-mandibular ou má dentição,
mas as demais contraindicações são as mesmas do chiclete. As pastilhas de
nicotina podem ser usadas por até três meses e os efeitos colaterais são
similares ao da goma. O ideal é que a pastilha seja movida de um lado para o
outro da boca até se dissolver completamente, sendo utilizada quando o paciente
sentir vontade de fumar, não excedendo a quantidade diária indicada na bula.
Adesivos de
nicotina
Com o objetivo de aumentar ainda mais as taxas de abstinência ao
tabaco, foram desenvolvidos os adesivos de nicotina transdérmica. Eles devem
ser usados constantemente e trocados a cada 24 horas, sem interferir nas
atividades do indivíduo. Os adesivos estão indicados para todas as pessoas que
querem largar o tabagismo, não possuindo nenhuma contraindicação formal, com a
ressalva para gestantes. O uso dos adesivos de reposição deve ser feito durante
45 a 90 dias, sendo que a dosagem depende de quantos cigarros a pessoa fumava por
dia. Entre os efeitos colaterais estão a presença de irritações na pele, que
podem impedir a continuidade do tratamento. Efeitos colaterais mais comuns
devido ao uso durante a noite são insônia e pesadelos, nestes casos o adesivo
deve ser retirado antes de dormir.
Spray nasal
de nicotina
O spray nasal libera uma solução aquosa com nicotina na mucosa
nasal com rápida absorção e pico de 10 minutos, quando comparada ao chiclete e
pastilha. Seu uso é recomendado por até três meses. Ele deve ser ministrado a uma
ou duas doses por hora, sem exceder o número de cinco doses por hora ou 40
doses por dia. Seus efeitos colaterais mais comuns são irritação nasal e da
orofaringe, rinite e lacrimejamento, sendo que 94% dos usuários apresentam
algum sinal de irritação nasal nos primeiros dois dias. No entanto, nenhum
desses efeitos justifica a suspensão do tratamento. O produto pode ser usado em
conjunto com outras formas de reposição, conforme indicação médica. A maioria
dos pacientes usa em média 15 doses por dia, diminuindo o número de doses com o
passar do tempo. Esse produto ainda não é comercializado no Brasil, estando
disponível apenas para pessoas que podem importá-lo de outros países.
Bupropiona
Originalmente um antidepressivo, essa medicação foi aprovada
pelo Food and Drug Administration (FDA) para tratamento do tabagismo.
Seu efeito no combate ao tabaco foi descoberto em estudos para verificar seus
efeitos contra a depressão, nos quais os participantes declaravam diminuição do
desejo de fumar. Diferente das terapias de reposição de nicotina citadas acima,
os fumantes devem iniciar o uso da bupropiona uma semana antes da abstinência.
Ela é administrada por meio de comprimidos via oral e age no sistema nervoso
central, não sendo recomendado que a pessoa fume durante o tratamento. Os
efeitos colaterais mais comuns são insônia, agitação, boca seca e dor de
cabeça. Os especialistas lembram que a bupropiona pode ser usada em conjunto
com outras terapias de reposição, como o chiclete de nicotina, mas independente
de ser ministrada individualmente ou não, pede o acompanhamento médico.
Parada
abrupta
Algumas pessoas optam por não usar qualquer tipo de terapia ou
medicamento para cessar o vício, optando apenas pela parada imediata - que
consiste em marcar uma data para largar o vício e, chegado o dia, não ter
qualquer cigarro guardado e interromper seu uso. É importante nessa situação
que o paciente receba acompanhamento psicológico, para atingir com sucesso a
abstenção do tabagismo sem reincidência do vício. Os principais efeitos
colaterais da parada imediata podem ser ganho de peso e ansiedade.
Parada
gradual
O método de parada gradual consiste em diminuir o número de
cigarros com o passar dos dias ou então retardar a hora do primeiro cigarro.
Com a parada gradual, você tem um risco menor de abstinência, mas o sucesso
muitas vezes é dependente do acompanhamento médico e psicológico. A redução
varia conforme a quantidade que o paciente fuma. Um fumante de 30 cigarros por
dia, por exemplo, pode reduzir cinco cigarros a cada dia, cessando
completamente após uma semana. Ou então, uma pessoa que começa a fumar às 9h
vai atrasando em duas horas o seu primeiro cigarro a cada dia, chegando ao
sétimo dia sem cigarros. A estratégia gradual não deve durar mais de duas
semanas, pois pode se tornar uma forma de adiar, e não de parar de fumar. O
mais importante é marcar uma data para que seja seu primeiro dia de ex-fumante.
Lembre-se também que fumar cigarros de baixos teores não é uma
boa alternativa, pois todos os derivados do tabaco (cigarros, charutos,
cachimbos, cigarros de Bali, cigarrilhas, narguilé, entre outros) fazem mal à
saúde. Ao sinal de dificuldades, o paciente pode optar por terapias de
reposição de nicotina associado à parada gradual.
Cigarro
eletrônico
A comercialização do cigarro eletrônico é proibida no Brasil. O
cartucho interno desses produtos contém nicotina, a mesma substância dos
cigarros comuns que causa dependência, apesar de os fabricantes alegarem que a
fumaça é apenas vapor d’água. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária afirma
que não há evidências de que o dispositivo tenha alguma utilidade no processo
de cessação do tabagismo. Como se trata de um produto não regulamentado, não há
como saber de fato quais são as substâncias presentes nesses cigarros nem se elas
podem trazer malefícios. Existem pesquisas sobre o cigarro eletrônico que não
mostraram benefício a longo prazo, mas sim problemas e dificuldades
respiratórias nos usuários. Fonte: minhavida
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