VÍRUS SINCICIAL
RESPIRATÓRIO
O vírus sincicial respiratório (VSR), que
pertence ao gênero Pneumovirus, é um
dos principais agentes de uma infecção aguda nas vias respiratórias, que pode
afetar os brônquios e os pulmões. Na maior parte dos
casos, ele é responsável pelo aparecimento de bronquiolite aguda (inflamação dos bronquíolos, ramificações cada vez mais
finas dos brônquios que penetram nos alvéolos pulmonares) e pneumonia, especialmente em bebês
prematuros, no primeiro ano de vida. Até mesmo aqueles que receberam anticorpos
das mães durante a gestação são vulneráveis à infecção pelo vírus sincicial
respiratório.
Segundo a Associação Americana de Pediatria, fazem parte dos
grupos de risco para desenvolver formas graves da doença, além dos prematuros,
os portadores de distúrbios cardíacos congênitos, de doenças pulmonares
crônicas e de imunodeficiência congênita ou adquirida. Tabagismo
passivo, ambientes pouco ventilados e com muita
gente, desmame precoce visto que pode afetar o fortalecimento do sistema
imunológico da criança, são outras condições que favorecem a manifestação
desses quadros infecciosos.
A infecção pelo VSR é altamente
contagiosa. Há evidências de que até os três anos de idade, todas as crianças
já entraram em contato com esse vírus sem desenvolver a forma grave da doença.
Além disso, como não confere imunidade permanente, ao longo da vida a pessoa
pode apresentar episódios recorrentes da enfermidade, mas com sintomas menos
agressivos.
Apesar de não estarem
associados à vigência de baixas temperaturas, os casos de infecção pelo VSR são
mais frequentes no final do outono, durante o inverno e no início da primavera,
o que, no hemisfério sul, corresponde aos meses compreendidos entre maio e
setembro. Já, nas localidades de clima tropical ou subtropical, os surtos
sazonais ocorrem mais no período chuvoso.
Qualquer pessoa pode ser
infectada pelo vírus sincicial respiratório. As manifestações clínicas variam
de acordo com a idade (nos dois extremos da vida são mais graves), a exposição
anterior ao vírus e a existência de doenças subjacentes.
Transmissão
O vírus sincicial respiratório
penetra no organismo saudável através das mucosas da boca, do nariz ou dos
olhos, e nele pode permanecer por semanas. O período de transmissão começa dois
dias antes de aparecerem os sintomas e só termina quando a infecção está
completamente controlada.
O contágio se dá pelo contato
direto com as secreções eliminadas pela pessoa infectada quando tosse, espirra
ou fala e, de forma indireta, pelo contato com superfícies e objetos
contaminados (brinquedos e maçanetas de portas, por exemplo), nos quais o vírus
pode sobreviver por várias horas.
Sintomas
A infecção pelo vírus sincicial
respiratório pode ser assintomática. No entanto, a maioria das pessoas
infectadas desenvolve uma doença autolimitada, ou seja, os sintomas desaparecem
espontaneamente em poucos dias. O período de incubação dura, em média, cinco
dias. Nos adultos e crianças maiores com boas condições de saúde, os sintomas
são semelhantes aos do resfriado comum – secreção nasal, espirros, tosse seca,
febre baixa, dor de garganta e dor de cabeça.
Com a progressão da doença, porém, a infecção pode alcançar o
trato respiratório inferior e afetar bronquíolos, alvéolos e pulmões. Por isso,
merecem atenção e cuidado os seguintes sinais clínicos: febre alta, muita tosse,
dificuldade para respirar, adejo nasal (batimentos acelerados das asas do nariz
provocado por obstrução das vias aéreas), cianose labial e nas extremidades
(lábios e unhas arroxeados), pieira (sibilo ou chiado no peito provocado pelo
estreitamento dos brônquios inflamados), tiragem intercostal (retração e
afundamento dos espaços entre as costelas durante a inspiração), falta de
apetite, letargia.
Diagnóstico
O diagnóstico leva em conta os
sintomas, especialmente nas épocas do ano em que a infecção pelo vírus
sincicial respiratório é mais comum.
Exames de laboratório
realizados em amostras de sangue ou da secreção colhida no nariz e na garganta
do doente podem ser úteis para identificar a presença do vírus ou de seus
anticorpos e alertar os órgãos de saúde sobre a ocorrência de surtos sazonais
epidêmicos. A radiografia do tórax é outro exame disponível para confirmar o
diagnóstico.
Prevenção
Embora haja muitos projetos em
andamento, ainda não existe uma vacina eficaz contra a infecção pelo vírus
sincicial respiratório. A prevenção está diretamente associada aos
cuidados básicos de higiene, especialmente à lavagem frequente das mãos com
água e sabão, à aplicação de álcool gel antes e depois de entrar em contato com
o doente e à desinfecção de superfícies e objetos expostos a secreções
corporais contaminados pelo vírus. Evitar aglomerações em locais fechados e
manter distância das pessoas que apresentam sinais da doença são outras medidas
importantes para controlar a disseminação do VRS.
Crianças até os dois anos de
idade, com alto risco de desenvolver complicações graves se forem infectadas
pelo vírus sincicial respiratório, podem contar com um medicamento profilático
– a imunoglobina monoclonal humanizada – para prevenir a forma grave da doença.
Chama-se palivizumabe, teve o registro aprovado pela Anvisa e a distribuição
gratuita é garantida pelo SUS. O remédio deve ser administrado em cinco
doses consecutivas, uma a cada 30 dias. A primeira deve ser aplicada um mês
antes do início do período sazonal previsto para maior circulação do vírus.
Tratamento
Como costuma ocorrer com a
maioria das viroses, o tratamento é sintomático. Na maioria dos casos, basta
recorrer a medicamentos para baixar a febre, aliviar a dor e o mal-estar, fazer
repouso, tomar muito líquido para evitar a desidratação e permanecer em
ambientes com ar umidificado para facilitar a saída da secreção nasal e acalmar
a tosse.
Pacientes com insuficiência
respiratória grave devem ser hospitalizados para receber suporte ventilatório
mecânico e medicamentos específicos, como
broncodilatadores e
antibióticos, se houver uma infecção por bactérias associada o que pode agravar
o quadro e até levar à morte.
O antiviral ribaverina, utilizado sob a forma de aerosol
microparticulado, demonstrou efeitos benéficos no tratamento da infecção do
trato respiratório inferior pelo VRS. No entanto, embora essa droga tenha
recebido aprovação do FDA (Food
and Drug Administration) americano,
é contraindicada para crianças que necessitam de ventilação assistida e para mulheres
grávidas ou que pretendem engravidar, porque pode prejudicar o desenvolvimento
do feto.
Recomendações
* Lembre que a lavagem e
higienização das mãos antes e depois de lidar com o paciente ou com objetos e
superfícies por ele contaminados é medida essencial para evitar a infecção pelo
vírus sincicial respiratório, que é muito contagioso;
* Procure atendimento médico
sem demora, se, independentemente da idade, a pessoa apresentar dificuldade
para respirar, febre alta e coloração azulada nos lábios e nas unhas;
* Considere que a dor de ouvido dos bebês e das crianças
pequenas pode ser sintoma de uma infecção aguda da orelha
média, que ocorre quando o vírus sincicial respiratório penetra nos
espaços atrás do tímpano;
* Mantenha o doente longe da
fumaça de cigarro;
* Esteja atento. Adultos
maiores de 60 anos, crianças com menos de dois anos, pessoas com doenças do
coração e do pulmão, transplantados e imunodeprimidos são pacientes de risco
para a forma grave da infecção pelo VSR, que pode levar a óbito se não receber
o atendimento necessário. Fonte: drauziovarella
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