JOANETE (HALLUX
VALGUS OU HÁLUX VALGO)
O pé humano é constituído por vários músculos
(19), 26 ossos, 107 ligamentos, 33 articulações e grande número de tendões. Sua
estrutura em forma de arco exerce o papel de uma alavanca que impulsiona o
corpo durante a marcha e facilita a adaptação a diferentes tipos de solo. Ela é
fundamental também para a distribuição adequada do peso que os pés têm de
suportar e para manter o equilíbrio.
É fácil entender que uma estrutura tão
complexa como essa e com tantas funções diferentes esteja sujeita a alterações
anatômicas. Uma das mais comuns é o joanete, ou hálux valgo. Sua principal
característica é a formação de uma saliência óssea na articulação
metatarsofalângea do hálux , ou seja, na base do primeiro metatarso (osso longo
que liga os dedos à parte central dos pés). Ela ocorre quando o dedão (ou
hálux, de acordo com a nomenclatura médica) sofre um desvio lateral na direção
do segundo dedo.
O joanete aparece não porque uma nova
estrutura óssea tenha crescido, mas porque houve um desalinhamento entre os
ossos e articulações dos dedos dos pés. Com a evolução do quadro, o dedo maior
pode empurrar, sobrepor-se ou colocar-se debaixo dos outros dedos. Como
consequência, a distribuição do peso nos pés fica comprometida, o que pode
prejudicar várias articulações do corpo.
Embora surjam quase sempre por causa de
alterações no hálux, joanetes podem ser provocados pelo desvio do quinto osso
metatársico localizado na base do dedo mínimo do pé. Nesse caso, ele se chama
joanete de Sastre ou do alfaiate, uma vez que acomete mais esses profissionais.
Causas e fatores de risco
O joanete
é a deformidade óssea mais prevalente nos pés dos adultos, que afeta mais as
mulheres do que os homens. Em alguns casos, o problema é congênito, ou seja, a
criança já nasce com o desvio lateral do artelho.
Existem
causas genéticas e mecânicas que predispõem para o aparecimento da alteração.
Quase sempre, porém, a deformidade é determinada pela confluência de vários
fatores de risco, a saber:
·
Hereditariedade:
as pesquisas mostram que por volta de 60% das pessoas com joanetes têm história
familiar da doença;
·
Doenças
reumáticas pré-existentes, como artrite reumatoide, gota, lúpus;
·
Enfermidades
neurológicas (AVC, paralisia cerebral, trauma medular, etc.);
·
Anatomia
óssea anormal dos pés, fragilidade de ligamentos e tendões, pé chato, dedão do
pé maior do que o segundo dedo;
·
Sapatos
de salto alto, bico fino ou muito apertados: o salto alto projeta o pé para
frente, o que prejudica a distribuição do peso corporal. O bico fino favorece a
compressão dos dedos, principalmente do dedão e do dedinho. A parte da frente
do calçado muito justa é outro fator de risco para o aparecimento dos joanetes.
Sintomas
Em alguns
casos, os joanetes são assintomáticos. Quando os sintomas se manifestam, os
mais comuns são:
·
Saliência
óssea parecida com um calo na base do dedão;
·
Dor,
rubor e calor na articulação por causa do processo inflamatório na articulação;
·
Formação
de calosidades nos dedos comprometidos e na planta dos pés;
·
Espessamento
da pele na base do dedão;
·
Rigidez
progressiva do dedo deslocado.
Diagnóstico
O
diagnóstico leva em conta os sintomas e a avaliação clínica das estruturas
ósseas do pé comprometidas pelo joanete. Exames de raios X costumam ser úteis
para determinar a gravidade da lesão e orientar a escolha do tratamento.
Tratamento
Não
existe tratamento padrão para todos os casos de joanete. O médico avalia as
condições e necessidades de cada paciente – faixa de idade, estilo de vida,
estado geral da saúde, intensidade dos sintomas, por exemplo — antes de propor
um tratamento conservador ou cirúrgico.
O
tratamento conservador não visa à correção da deformidade. A proposta é aliviar
os sintomas e impedir a progressão do desvio. Para atingir esses objetivos, a
primeira medida é trocar os sapatos apertados e duros por outros mais folgados
e macios, sem salto ou com salto baixo. O bico deve ser arredondado ou quadrado
para acomodar melhor os dedos e diminuir o atrito nas zonas de pressão. Outros
recursos terapêuticos são a utilização de protetores ortopédicos sobre a área
deformada da articulação e de separadores entre os artelhos para manter o dedão
afastado do segundo dedo. Quando e se necessário, o médico pode prescrever
medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios.
Há casos mais
graves que exigem solução cirúrgica. Existem mais de cem técnicas
diferentes que permitem corrigir a deformidade, a fim de restaurar as funções
perdidas e eliminar os sintomas dolorosos. A técnica percutânea, por exemplo,
permite que o procedimento seja realizado em ambiente ambulatorial através de
pequenos orifícios por onde são introduzidos os instrumentos para corrigir a
deformidade.
Recomendações
·
Redobre a
atenção e cuidados na hora de comprar sapatos. Eles precisam acomodar os pés
com conforto para não interferir na distribuição equilibrada do peso do corpo;
·
Lembre,
na hora de comprar calçados, que os pés aumentam um pouco de tamanho no fim do
dia ou quando envelhecemos. Por isso, é sempre melhor que a ponta dos dedos não
encoste na frente do sapato;
·
Não use o
mesmo par de sapatos ou de tênis por dias seguidos para evitar o atrito sempre
no mesmo ponto dos pés;
·
Ande
descalço, sempre que possível, especialmente em terrenos irregulares ou na
areia, para fortalecer os dedos e articulações dos pés;
·
Aplique
gelo sobre o joanete para aliviar a dor e reduzir o processo inflamatório;
·
Procure
um ortopedista, se seus pés estiverem doloridos ou notar alguma alteração no
seu formato e aparência. Fonte: drauziovarella
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