FOLICULITE
Foliculite é o nome que se dá à inflamação
aguda ou crônica dos folículos pilosos, estrutura complexa formada em
minúsculas reentrâncias na pele, onde os pelos nascem e crescem.
Folículos pilosos estão espalhados por todo o corpo humano, exceção
feita à palma das mãos, plantas dos pés e às áreas de transição entre a pele e
as mucosas, como os lábios, por exemplo. Embora possa ocorrer em qualquer lugar
do corpo onde haja pelos, as regiões mais vulneráveis ao aparecimento das
lesões são face, couro cabeludo, axilas, coxas, nádegas e virilha. Quadros
inflamatórios mais leves podem evoluir favoravelmente com cuidados básicos de
higiene. Os mais graves podem levar à perda definitiva dos pelos e a cicatrizes
permanentes.
Qualquer um de nós pode apresentar episódios de foliculite em algum
momento da vida. Entretanto, pessoas negras, asiáticas, obesas ou com baixa
imunidade estão mais sujeitas a desenvolver a doença.
Causas e fatores de risco
A principal causa da foliculite é a infecção pelo Staphilococcus
aureus (estafilococos), uma bactéria comum que se aloja na pele dos
seres humanos. Mas não é só ela; outras bactérias, vírus e fungos também podem
estar envolvidos no aparecimento das lesões cutâneas características desse
distúrbio.
Da mesma forma, o uso de lâminas de barbear, de roupas muito justas ou
que retêm umidade e calor, escoriações na pele, feridas cirúrgicas, picadas de
insetos, enfermidades como a acne e a dermatite, uso tópico e contínuo
de cremes esteroides e de antibióticos podem comprometer a integridade dos
folículos pilosos.
Classificação e sintomas
De acordo com a extensão do processo inflamatório, a foliculite pode ser
classificada em superficial ou profunda. Na superficial, ela se instala
na parte superior do folículo piloso, a pele em volta fica avermelhada e
sensível e podem aparecer pequenas pústulas semelhantes a espinhas com conteúdo
amarelado de, no máximo, 1 cm de diâmetro. Quase sempre é possível enxergar o
pelo no centro da lesão, que coça bastante.
Na foliculite profunda, a inflamação se estende por todo o folículo
piloso e alcança a raiz. No local, surge a lesão típica da doença: extensa área
avermelhada que tem no centro um nódulo endurecido com pus. Coceira, dor, edema
(inchaço) e tumefação local são sintomas comuns nesses casos. É um tipo de
infecção mais grave, que pode destruir o folículo piloso e deixar cicatrizes.
A foliculite superficial pode apresentar-se sob as seguintes formas:
1.
Foliculite estafilocócica – é causada
pelo Staphilococcus aureus, bactéria gram-positiva que pode formar
colônias na pele das pessoas. Esse micróbio só causa problemas quando um
ferimento funciona como porta aberta para que ele possa penetrar no organismo e
infectar o folículo piloso, dando origem a pequenos nódulos vermelhos com um
ponto branco no centro em volta de um ou mais folículos pilosos, que coçam e
doem.
2.
Foliculite por pseudomonas – também
conhecida por foliculite da banheira, é transmitida por Pseudomonas,bactérias
que sobrevivem em diversos ambientes, incluindo banheiras de hidromassagem e
piscinas aquecidas, se os níveis de cloro e o pH estiverem mal regulados. Nesses
casos, a erupção cutânea é formada por pequenas lesões cheias de pus, que coçam
bastante e podem acometer áreas extensas do corpo.
3.
Pseudofoliculite da barba (coceira de
barbeiro)- inflamação causada por pelos encravados. É mais comum em
homens negros adultos, especialmente no rosto e pescoço. Mulheres que fazem
depilação com cera quente também estão sujeitas a desenvolver essa reação
inflamatória na região das axilas e da virilha.
4.
Foliculite pitirospórica – infecção pelo
fungo Pytirosporum ovalle (Malassezia) que têm preferência
pelas areas úmidas do corpo. As lesões têm a forma de papulopústulas, mais ou
menos do mesmo tamanho, que se instalam sobretudo nas costas, peito e braços de
adolescentes e homens adultos.
Entre as diferentes apresentações da foliculite profunda, é
importante destacar:
1.
Foliculite ou sicose da barba – também aqui o
agente transmissor é o Staphilococcus aureus. As lesões aparecem na
região da barba (face, lábio superior, queixo e mandíbula) dos homens adultos.
Têm a forma de pápulas ou pústulas com um pelo no centro, ou de crostas que
podem juntar-se para compor placas avermelhadas. A repetição do ato de
barbear-se pode tornar a infecção mais grave e deixar cicatrizes.
2.
Foliculite gram-negativa – em geral, se
desenvolve em pessoas que recebem antibióticos orais por longos períodos para
tratamento da acne, uma vez que o uso constante desses medicamentos altera a
flora bacteriana do nariz e promove o aparecimento de bactérias gram-negativas
que se espalham pela pele do rosto.
3.
Furúnculos e carbúnculos – são lesões que
têm como causa a infecção profunda do folículo piloso pelo Staphilococcus
aureus. O furúnculo é um abscesso, ou seja, um nódulo vermelho e duro
com pus, na parte central. Essa secreção é formada pelo acúmulo de células
mortas, bactérias e leucócitos em processo de degeneração. O furúnculo afeta um
único folículo piloso e pode aparecer nas nádegas, pescoço, axilas e virilha.
Em grande parte dos casos, depois de alguns dias, ocorre a drenagem espontânea
do conteúdo purulento.
O carbúnculo atinge um grupo de folículos pilosos próximos, formando um
aglomerado de furúnculos. Em geral, aparece na parte de trás do pescoço,
ombros, quadris e coxas. Idosos e portadores de diabetes estão mais propensos a desenvolver
esses quadros infecciosos.
4.
Foliculite eosinofílica – a causa ainda não
está bem esclarecida, embora não se possa descartar a possibilidade de estar
associada à infecção pelo fungo Pytirosporum. O que se sabe é que a
doença se manifesta especialmente nos portadores de HIV/aids e em pessoas
com baixa imunidade. As lesões, parecidas com espinhas comuns, aparecem
principalmente no rosto, coçam muito e deixam manchas escuras no local.
Diagnóstico
O exame clínico das lesões cutâneas associado ao levantamento da
história do paciente podem ser suficientes para o diagnóstico da foliculite. Em
alguns casos, porém, pode ser necessário colher uma amostra da lesão e mandar
para análise laboratorial a fim de identificar o agente responsável pela
infecção, estabelecer o diagnóstico diferencial e orientar o tratamento.
Tratamento
O esquema de tratamento da foliculite varia de acordo com a causa, tipo
e gravidade das lesões. Os casos mais leves costumam responder bem à aplicação
de medidas caseiras, tais como:
1. colocar compressas
mornas e úmidas várias vezes por dia no local. Alguns experimentos mostram que
mergulhar a compressa numa solução de duas xícaras de água e uma colher de chá
de sal ajuda a promover drenagem mais rápida da pústula e acelera o processo de
cura;
2. fazer a higiene do
local utilizando água morna e sabonete antisséptico. De preferência, enxugar
com uma toalha descartável;
3. aplicar pomadas ou
cremes de uso tópico com propriedades anti-inflamatórias sobre a lesão.
Quando o processo infeccioso está instalado, é grave ou recorrente, pode
ser necessário introduzir antibióticos por via oral, se a infecção for causada
por bactérias, ou medicamentos específicos para combater a infecção por fungos.
A indicação de corticoides por via oral para reduzir a inflamação deve
ser feita por períodos curtos em virtude dos efeitos colaterais indesejáveis
que esses medicamentos podem provocar.
Abscessos maiores podem exigir intervenção cirúrgica para drenar o pus.
Isso ajuda a aliviar a dor e facilita o processo de recuperação. Terapia
fotodinâmica e depilação a laser, técnicas que destroem completamente o
folículo piloso, podem ser recomendadas, se as outras opções de tratamento não
surtirem os resultados desejados.
Prevenção
Incorporar alguns hábitos simples na rotina diária pode ajudar a evitar
a foliculite. Veja alguns exemplos:
*Lave bem as mãos e com frequência, especialmente antes e depois de
tocar as lesões;
*Tome banho ou faça a higiene com loções e sabonetes antissépticos antes
e depois da depilação; no entanto, não exagere no utilização desses produtos
porque, além de deixar a pele mais seca, podem atacar as bactérias protetoras
do organismo;
*Verifique as condições de asseio e o nível de cloro das banheiras de
hidromassagem e piscinas aquecidas que pretende usar; na dúvida, espere que os
desacertos sejam corrigidos;
*Não use roupas muito justas, porque aumentam o atrito com a pele e
retêm o suor;
*Troque a roupa de banho molhada por outra seca o mais depressa
possível;
*Mantenha a pele sempre hidratada e livre de células mortas;
*Redobre os cuidados na hora de fazer a barba. Use água morna e creme ou
gel para reduzir o atrito da lâmina e irritar menos a pele. Passe a lâmina no
sentido do crescimento do pelo. Terminada a função, é bom aplicar uma
loção hidratante;
*Evite alimentos muito gordurosos, beba bastante líquido e procure
manter o peso nos níveis ideais para sua altura e idade. Sobrepeso é um fator
de risco para a manifestação da foliculite. Fonte: drauziovarella
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