ARMADILHAS
DO DESEJO
No
início, quando escolhemos alguém, tudo é novidade. E novidade tem cheiro de
desejo. Com o passar o tempo, é comum que as pessoas esqueçam de esquentar o
relacionamento e se deixem consumir pelo trabalho, pela rotina, por
desentendimentos. Tais ingredientes, entre outros, criam uma lacuna emocional
e, por vezes, um impedimento sexual por falta de investimento dos parceiros.
Claro que relacionamentos não se baseiam somente em sexo. Mas a sexualidade
acha o seu lugar dentro de uma relação que tenha afeto, admiração e
entendimento, e é por isso que não podemos esquecer do aspecto sexual, já que
uma sexualidade precária empobrece a vida conjugal.
O excitante
é a novidade, o que vem implícita através dela. E a acomodação, o veneno para o
desejo. Como as armadilhas são muitas (tanto internas quanto externas), e uma
coisa leva a outra, os parceiros vão se distanciando emocionalmente ou mesmo
fisicamente. Aquela pessoa completa, que era tão interessante, já não desperta
tanta atração nem interesse. A saída encontrada por muitos é buscar por outras
e novas fontes de apoio e, como uma bola de neve, cada vez se distanciam mais.
Fora isso, a vida é tão corrida que se leva o corre-corre para dentro do
relacionamento. Não se tem tempo para descobrir o outro e nem para lidar com as
frustrações.
Claro
que quando o casal divide a mesma casa, a rotina desmascara a sedução. Então,
qual será o caminho do meio entre a intimidade doméstica e o desejo sexual?
Indo um pouco na contramão de tudo aquilo que sempre foi dito, a intimidade nem
sempre é garantia única do bom sexo. Pelo menos não esse tipo de intimidade, já
que para um bom funcionamento da sexualidade, muitas vezes, é preciso
introduzir mistério naquilo que é familiar.De forma geral, alguns elementos
desmotivadores são: relacionamentos instáveis ou com pouca confiança, traumas
sexuais, insegurança quanto ao desempenho, forte repressão sexual, falta de
higiene pessoal e atenção ou cuidado do parceiro. Mas, todos esses elementos
podem ser cuidados dentro de uma relação com paciência e vontade.
Num
relacionamento saudável, há o respeito pela individualidade alheia, pois ao
entregar a própria satisfação na mão do outro o resultado pode ser uma profunda
frustração. Se o outro não agir conforme o esperado, a decepção é o único
caminho, já que se vive através dele(a). É indispensável conservar o próprio eu
e ter, ao mesmo tempo, a liberdade de se envolver com o eu do outro, formando
um terceiro elemento, que é o casal em si, sem que haja anulação das partes,
mas uma troca entre elas.
Além
disso, é preciso pensar em sexo e tomar cuidado com a preguiça, ou seja,
sexualize os seus pensamentos. Não adianta ficar esperando que o desejo chegue,
porque ele não vai bater à sua porta sem que seja convidado. Abra espaço para o
sexo dentro do seu relacionamento, reservando um momento só para os dois e
estimulem-se. Aprenda com seu corpo e com o corpo do(a) parceiro(a): aproveite
o que ele tem para oferecer aos dois, valorizando, assim, o erotismo. É
possível manter o desejo vivo ao sentir prazer com o outro, pois dar prazer
pode disparar e potencializar o seu próprio.
Importante
ressaltar que é preciso ter cuidado com as expectativas romanceadas. Elas se
baseam nos próprios desejos e, não necessariamente, fazem parte da
personalidade do outro. Aceite-o como ele é ainda que seja pra ver que pode ser
muito bom ficarem juntos mesmo que, no fundo, não tenham nada de afinidade.
Além disso, lembre-se que se relacionar com o outro não é um ato de
contemplação, e sim, de convivência. Por isso, é tão importante compartilhar
interesses, valores e projetos de vida, até porque sexo, ainda que não
seja perfeito no início, pode ser adaptado, mas, para tanto, comunicação é
fundamental. Não se limite apenas a ouvir.
É vital
que cada um tenha vontade de falar com o outro e de ser ouvido. Comunicar-se
não tem a ver com falar demais, mas saber colocar para o outro os seus
sentimentos, e isso é a chave de toque para se resolver os problemas que vão
surgindo durante a relação. Afinal, é preciso ver os dois lados da moeda: numa
relação há luz e sombras, conquistas e frustrações. Não espere que sempre seja
um mar-de-rosas, porque isso só acontece nos contos de fadas. E, na verdade, só
no final deles. Fonte: abcdasaude
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