Paralisia cerebral: sintomas, tratamentos e causas
O que é Paralisia
cerebral?
A paralisia
cerebral é um conjunto de desordens permanentes que afetam o movimento e
postura. Os sintomas ocorrem devido a um distúrbio que acontece durante o
desenvolvimento do cérebro, na maioria das vezes antes do nascimento.
Os sinais e
sintomas aparecem durante a infância ou pré-escola. Pessoas com paralisia
cerebral podem ter dificuldade com a deglutição e geralmente tem um
desequilíbrio no músculo do olho. A amplitude de movimento pode ser reduzida em
várias articulações do corpo, devido à rigidez muscular.
O efeito da
paralisia cerebral nas habilidades funcionais varia muito. Algumas pessoas são
capazes de caminhar, enquanto outras não são. Algumas pessoas mostram função
intelectual normal, ao passo que outras podem apresentar deficiência
intelectual. Epilepsia, cegueira ou surdez são condições que podem estar
presentes.
No Brasil há uma
carência de estudos que tenham investigado especificamente a prevalência e
incidência da paralisia cerebral no cenário nacional. Entretanto, nos países
desenvolvidos a prevalência encontrada varia de 1,5 a 5,9 casos para cada 1.000
bebês nascidos vivos, quando se estima que a incidência de paralisia cerebral
nos países em desenvolvimento seja de sete casos para cada 1000 nascidos vivos.
A explicação para a diferença da prevalência entre estes dois grupos de países
é atribuída às más condições de cuidados pré-natais e atendimento primário às
gestantes.
Tipos
As pessoas com
paralisia cerebral podem ser classificadas, de acordo com a característica
clínica mais dominante, em espástico, discinético e atáxico.
Paralisia cerebral
espástica
É caracterizada
pela presença de rigidez muscular e dificuldade de movimento. Ocasionada por
uma lesão no sistema piramidal, a paralisia cerebral espástica é consequente do
nascimento prematuro.
Paralisia cerebral
discinética
A paralisia
cerebral discinética se caracteriza por movimentos atípicos e involuntários. É
ocasionada por uma lesão do sistema extrapiramidal.
Paralisia cerebral
atáxica
A paralisia
cerebral atáxica se caracteriza por uma sensação de desequilíbrio e falta de
percepção de profundidade. É ocasionada por uma disfunção no cerebelo.
Causas
A paralisia
cerebral é resultado de uma desordem cerebral que ocorre durante o
desenvolvimento fetal ou, raramente por conta de uma lesão cerebral após o
parto. Ela está presente no nascimento, embora possa não ser detectada por
meses. Na maioria dos casos, a causa da paralisia cerebral desconhecida.
Algumas causas possíveis são:
- Infecções durante a gravidez que podem danificar o
desenvolvimento do sistema nervoso do feto
- Icterícia grave na criança
- Fator Rh incompatível entre
mãe e bebê
- Trauma físico e metabólico
durante o parto
- Privação de oxigênio grave
para o cérebro ou trauma craniano significativo durante o trabalho de
parto.
Fatores de risco
Saúde materna
Certas condições durante
a gravidez podem aumentar significativamente o risco de paralisia cerebral no
bebê. Confira:
- Rubéola
- Catapora
- Citomegalovírus
- Toxoplasmose
- Sífilis
- Exposição a toxinas
- Outras condições, tais
como distúrbios da tireoide, deficiência intelectual ou convulsões.
Saúde infantil
As doenças que
afetam um bebê recém-nascido podem aumentar o risco de paralisia cerebral
incluem:
- Meningite bacteriana
- Encefalite viral
- Icterícia grave ou não tratada.
Outros fatores da gravidez
e do parto
- Nascimento prematuro
- Baixo peso ao nascer
- Bebê que nasce fora da
posição normal (não está totalmente virado ao nascer)
- Gravidez de gêmeos.
Sintomas de
Paralisia cerebral
Os sintomas de
paralisia cerebral podem varias. Problemas de movimento e coordenação
associados podem incluir:
- Rigidez muscular e reflexos
exagerados (espasticidade)
- Rigidez muscular com
reflexos normais (rigidez)
- Falta de coordenação muscular
(ataxia)
- Tremores ou movimentos
involuntários
- Movimentos lentos e
contorcidos (atetose)
- Dificuldade para caminhar
- Babar ou ter problemas com a
deglutição
- Atrasos no desenvolvimento
da fala ou dificuldade em falar
- Dificuldade com movimentos
precisos, como pegar um lápis ou uma colher.
A deficiência
associada com paralisia cerebral pode ser limitada a um membro ou um lado do
corpo, ou pode afetar o corpo por inteiro. A paralisia cerebral não muda com o
tempo, de forma que os sintomas geralmente não pioram com a idade, embora o
encurtamento dos músculos e rigidez muscular possam ficar mais graves se não
forem tratados.
Anormalidades
cerebrais associadas com paralisia cerebral podem contribuir para outros
problemas neurológicos. Pessoas com paralisia cerebral também pode ter:
- Dificuldade com visão e
audição
- Deficiência intelectual
- Convulsão
- Percepções anormais ao toque
- Doenças bucais
- Condições psiquiátricas
- Incontinência urinária.
Buscando ajuda
médica
É importante obter
um diagnóstico rápido para qualquer distúrbio de movimento ou possíveis atrasos
no desenvolvimento do seu filho. Marque uma consulta médica se você tiver
dúvidas ou preocupações sobre o tônus muscular, o movimento muscular, a
coordenação ou outros problemas de desenvolvimento do seu filho ou filha.
Na consulta médica
É importante levar
o filho ou filha para todas as visitas pediátricas regularmente durante a
infância. Essas visitas são uma oportunidade para a(o) pediatra acompanhar o
desenvolvimento em áreas-chave, incluindo:
- Crescimento
- Tônus muscular
- Força muscular
- Coordenação
- Postura
- Habilidades motoras
apropriados para a idade
- Habilidades sensoriais, tais
como visão, audição e tato.
O médico ou médica
pode fazer várias perguntas durante as consultas, incluindo:
- Você tem alguma preocupação
acerca do crescimento ou desenvolvimento do seu filho(a)?
- Como seu filho(a) responde
ao toque?
- Você observa qualquer
movimento diferente em um dos lados do corpo?
- A criança está chegando a
certos marcos de desenvolvimento, tais como rolar, sentar, engatinhar,
andar ou falar?
Também é importante
levar suas dúvidas para a consulta por escrito, começando pela mais importante.
Isso garante que você conseguirá respostas para todas as perguntas relevantes
antes da consulta acabar. Para paralisia cerebral, algumas perguntas básicas
incluem:
- Quais exames são
necessários?
- O que os resultados dos
testes irão mostrar?
- É necessário procurar algum
especialista?
- Será feita uma triagem para
outras desordens além da paralisia cerebral?
- Como monitorar o
desenvolvimento da criança?
- Você pode sugerir materiais
educativos e serviços de apoio locais a respeito de paralisia cerebral?
Não hesite em fazer
outras perguntas, caso elas ocorram no momento da consulta.
Diagnóstico de
Paralisia cerebral
Paralisia cerebral
pode ser diagnosticada muito cedo, principalmente quando o bebê está em
conhecido risco para o problema. A condição geralmente se manifesta na primeira
infância, usualmente antes dos 18 meses. O diagnóstico é definido em bases
clínicas, nas quais o médico ou médica analisa alterações do movimento e
postura, sendo os exames complementares utilizados apenas para se certificar de
que não há outras causas para os sintomas.
Apesar da
importância do diagnóstico precoce, a paralisia cerebral muitas vezes é
diagnosticada por volta dos 24 meses de idade, principalmente em casos de
gravidade leve.
Alguns sintomas
devem ser observados para o diagnóstico de paralisia cerebral. Confira os
principais sinais e a porcentagem de ocorrência em pessoas com a condição:
Alterações de
movimento:
- Ausência de movimentos
irrequietos (99%)
- Pancadas/golpes repetitivos
e de longa duração (4%)
- Movimentos circulares de
braços (11%)
- Movimentos assimétricos dos
segmentos (6%)
- Movimentos recorrentes de
extensão das pernas (18%)
- Surtos sugestivos de
excitação, não associados à expressão facial prazerosa (10%)
- Ausência de movimento das
pernas (16%)
- Movimentos de lateralização
bilateral da cabeça repetitivos ou monótonos (27%)
- Movimentos repetidos de
abertura e fechamento da boca (29%)
- Protrusão repetitiva da
língua (20%).
Alterações da
postura:
- Incapacidade de manter a
cabeça em linha média (63%)
- Postura corporal assimétrica
(15%)
- Tronco e membros largados
sobre o leito (16%)
- Persistência de resposta
tônica cervical assimétrica (33%)
- Braços e pernas em extensão
(25%)
- Hiperextensão de tronco e
pescoço (11%)
- Punho cerrado (35%)
- Abertura e fechamento
sincronizado dos dedos (19%)
- Hiperextensão e abdução dos
dedos das mãos (16%).
Tratamento de
Paralisia cerebral
Crianças e adultos
com paralisia cerebral necessitam de cuidados a longo prazo com uma equipe de
cuidados médicos. Esta equipe pode incluir:
- Pediatra ou fisiatra
- Neurologista pediátrico
- Cirurgião ortopédico
- Fisioterapeuta
- Terapeuta ocupacional
- Fonoaudiólogo
- Especialista em saúde
mental, como psiquiatra ou psicólogo
- Assistente social
- Professor de educação
especial.
Medicamentos
A seleção dos
medicamentos depende dos conjunto de sintomas, que pode afetar apenas certos
músculos (isolado) ou todo o corpo (generalizado). Os tratamentos
medicamentosos podem incluir o seguinte:
- Espasticidade isolada: podem
ser recomendadas injeções de toxina botulínica diretamente no músculo,
nervo ou ambos. Os efeitos colaterais podem incluir dor, hematomas ou
fraqueza grave. Outros efeitos secundários mais graves incluem dificuldade
para respirar e engolir
- Espasticidade generalizada:
relaxantes musculares ministrados por via oral podem ajudar quando os
músculos ficam contraídos. Alguns medicamentos podem ser ministrados
diretamente na medula espinhal, através de uma bomba que é cirurgicamente
implantado sob a pele do abdômen.
Também podem ser
prescritos medicamentos específicos para crianças que tendem a babar muito.
Terapias
Uma variedade de
terapias pode ajudar uma pessoa com paralisia cerebral a aprimorar habilidades
funcionais. Veja:
- Fisioterapia
- Cintas ou talas podem ajudar
a prevenir contraturas musculares
- Terapia ocupacional:
equipamentos de adaptação podem incluir andadores, bengalas quadrúpedes,
sistemas de assentos ou cadeiras de rodas elétricas
- Fonoaudiologia
- Terapia recreativa, como
passeios a cavalo, para ajudar a melhorar as habilidades motoras, de fala
e bem-estar emocional.
Procedimentos
cirúrgicos e outros
Cirurgia pode ser
necessária para diminuir a tensão muscular ou anormalidades ósseas corretos
causadas pela espasticidade. Estes tratamentos incluem:
- Cirurgia ortopédica para
graves contraturas ou deformidades musculares
- Em alguns casos graves,
quando outros tratamentos não ajudaram, cirurgiões podem cortar os nervos
que controlam os músculos afetados. Isto relaxa o músculo e reduz a dor, mas
também pode causar torpor.
Medicamentos para
Paralisia cerebral
Os medicamentos
mais usados para o tratamento de problemas relacionados à paralisa cerebral
são:
Somente um médico
pode dizer qual o medicamento mais indicado para o seu caso, bem como a dosagem
correta e a duração do tratamento. Siga sempre à risca as orientações do seu
médico e NUNCA se automedique. Não interrompa o uso do medicamento sem
consultar um médico antes e, se tomá-lo mais de uma vez ou em quantidades muito
maiores do que a prescrita, siga as instruções na bula.
Complicações
possíveis
Fraqueza ou rigidez
muscular e problemas de coordenação podem contribuir para uma série de
complicações em pacientes com paralisia cerebral, desde a infância até a vida
adulta. Veja:
- Contratura: encurtamento de
tecido muscular devido ao aperto severo do músculo (espasticidade).
Contratura pode inibir o crescimento ósseo, dificultar o movimento e
resultar em deformidades articulares ou luxação e deslocamento parcial
- Desnutrição: pode ocorrer uma vez que
os problemas de deglutição podem dificultar a alimentação
- Condições de saúde mental: o
isolamento social e os desafios de lidar com deficiência podem aumentar o
risco de condições psiquiátricas
- Doença pulmonar: pessoas com
paralisia cerebral podem desenvolver doenças pulmonares e distúrbios
respiratórios
- Condições neurológicas:
pacientes podem ser mais propensos a desenvolver distúrbios de movimento
ou apresentar piora nos sintomas neurológicos ao longo do tempo
- Osteoartrite: a pressão sobre
articulações ou alinhamento anormal das articulações pode resultar no
desenvolvimento precoce de osteoartrite (artrose).
Prevenção
Muitas vezes as
causas da paralisia cerebral são desconhecidas, por isso não há maneira de
evitá-la. Mas algumas medidas podem ser tomadas durante a gravidez para evitar
um nascimento prematuro, diminuindo assim o risco de paralisia cerebral.
Antes de
engravidar, é importante manter uma dieta saudável e se certificar de que
qualquer problema médico esteja sendo tratado. Fazer uma assistência médica
pré-natal adequada durante a gestação é vital.
Controlar diabetes, anemia, hipertensão, convulsões e
deficiências nutricionais durante a gravidez pode ajudar a prevenir alguns
partos prematuros e, como resultado, alguns casos de paralisia cerebral.
Uma vez que o bebê
nasce, existem ações que você pode tomar para reduzir o risco de dano cerebral,
o que poderia levar a paralisia cerebral. No carro, certifique-se de que seu
bebê está instalado corretamente em um assento infantil e usando cinto de
segurança, além de outros cuidados para evitar quedas e traumatismos no crânio.
Esteja ciente de
exposição ao chumbo em sua casa, uma vez que intoxicação por chumbo pode levar
a danos cerebrais. Lembre-se de vacinar a criança nas idades corretas,
prevenindo infecções que podem causar danos cerebrais, resultando em paralisia.
Fonte: minhavida
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