Hermafroditismo: sintomas, tratamentos e causas
O que é
Hermafroditismo?
O hermafroditismo é
uma condição ainda pouco conhecida, configurando um distúrbio tanto morfológico
quanto fisiológico e que acomete as gônadas sexuais e/ou os órgãos genitais de
um indivíduo, que simultaneamente manifesta estrutura tecidual testicular e
ovariana.
É comum referir-se
a pessoas com esta condição de “hermafroditas”. Este termo, no entanto, está
ultrapassado e, aos poucos, está caindo em desuso. Atualmente, o nome mais correto
para a condição é “intersex”.
Tipos
Hermafroditismo, ou
Intersexo, pode ser dividido em quatro categorias distintas:
46-XX Intersexo
O indivíduo nasce
com os cromossomos femininos (XX) e com ovários, mas a genitália externa é
masculina.
46-XY Intersexo
Neste tipo de
intersexualidade, o indivíduo apresenta cromossomos masculinos (XY), mas a
genitália externa não é completamente formada – ela pode ser uma genitália ambígua ou
evidentemente feminina.
Intersexo Gonadal
Verdadeiro
Aqui, o indivíduo
apresenta tanto tecido ovariano quanto tecido testicular. Isso pode acontecer
na mesma gônada (chamado, portanto, de ovotestículo), ou a pessoa também pode
apresentar um ovário e um testículo.
Intersexo Complexo
ou Indeterminado
Uma pessoa com este
tipo de intersexualidade pode apresentar diferenciações cromossômicas, que
incluem 45-XO (somente um cromossomo X), 47-XXY e 47-XXX, sendo que os dois
últimos apresentam um cromossomo sexual extra.
Causas
O sexo do bebê é
definido no momento da concepção, em que o espermatozoide que fecunda o óvulo
pode estar carregando um cromossomo X ou Y. O óvulo sempre contém o cromossomo
X. Se na fecundação o par do cromossomo 23 for XX será uma menina, se for XY
será um menino.
Os órgãos sexuais
são formados a partir do mesmo tecido, então o que definirá como eles se
desenvolverão é o cromossomo enviado pelo pai, sendo que a presença ou ausência
de um cromossomo feminino (X) faz com que seja uma menina e a presença do
cromossomo masculino (Y) faz com que os testículos comecem a se desenvolver
para a produção de hormônios masculinos.
Conheças as causas
dos quatro tipos de Intersexo:
46-XX Intersexo
O indivíduo nasce
com os cromossomos femininos (XX) e com ovários, mas a genitália externa é
masculina. Geralmente, essa condição é resultado de um feto do sexo feminino
que foi exposto a altas quantidades de hormônio masculino durante a gestação.
Aqui, os grandes lábios, que são as dobras da pele da genitália feminina
externa, se fundem, e o clitóris aumenta de tamanho e fica com a aparência de
um pênis. Pessoas com essas características, geralmente, apresentam útero e
trompas de Falópio normais. As causas mais comuns para este tipo de
intersexualidade são:
- Hiperplasia adrenal congênita
- Exposição excessiva de
hormônios masculinos durante a gestação
- Tumores, na maioria das vezes
ovarianos, que fazem com que a mãe produza hormônios masculinos em excesso
- Deficiência de aromatase,
uma enzima que normalmente converte hormônios masculinos em hormônios
femininos
46-XY Intersexo
Neste tipo de
intersexualidade, o indivíduo apresenta cromossomos masculinos (XY), mas a
genitália externa não é completamente formada – ela pode ser ambígua ou
evidentemente feminina. Internamente, as gônodas sexuais podem tanto apresentar
estrutura testicular normal, como pode, também, apresentar testículos mal
formados ou, ainda, completamente ausentes. As principais causas para esse tipo
são:
- Síndrome da insensibilidade
do andrógeno (SIA). Essa é a causa mais comum deste tipo de
intersexualidade. Aqui, os hormônios são todos normais, mas os receptores
dos hormônios masculinos não funcionam corretamente.
- Problemas com testículos,
responsáveis pela produção de hormônio masculino. Se eles não forem
totalmente formados, o indivíduo poderá apresentar problemas com a
produção de testosterona.
- Problemas com a formação de
testosterona. Diversas enzimas trabalham para produzir o hormônio
masculino, portanto deficiências em qualquer uma dessas enzimas podem
prejudicar a produção de testosterona e, assim, levar aos sinais de
intersexualidade do tipo 46-XY. Diferentes tipos de hiperplasia adrenal
congênita também se encaixam nesta categoria.
- Problemas com o uso da
testosterona. Algumas pessoas têm os testículos totalmente formados e
também produzem as quantidades adequadas de testosterona, mas, ainda
assim, apresentam este tipo de intersexualidade.
- Deficiência da
5-alfa-reductase. Pessoas com este problema não possuem a enzima
necessária para converter testosterona em dihidrotestosterona (DHT).
Existem, pelo menos, cinco tipos diferentes de deficiência da
5-alfa-reductase. Alguns bebês têm a genitália masculina normal, outros
têm a genitália feminina normal e muitos têm a genitália que não pode ser
determinada visualmente. Nesses casos, a maioria passa a ter a genitália
masculina externa quando chega à puberdade.
Intersexo Gonadal
Verdadeiro
Aqui, o indivíduo
apresenta tanto tecido ovariano quanto tecido testicular. Isso pode acontecer
na mesma gônada (chamado, portanto, de ovotestículo), ou a pessoa também pode
apresentar um ovário e um testículo. O indivíduo pode ter cromossomos XX,
cromossomos XY ou ambos. A genitália externa pode ser ambígua ou parecer
feminina ou masculina. Na maioria das pessoas com intersexo gonadal verdadeiro,
a causa subjacente é desconhecida.
Intersexo Complexo
ou Indeterminado
Muitas
configurações cromossômicas, além dos simples 46-XX ou 46-XY, podem resultar em
transtornos do desenvolvimento sexual. Uma pessoa com este tipo de
intersexualidade pode apresentar diferenciações cromossômicas, que incluem
45-XO (somente um cromossomo X), 47-XXY e 47-XXX, sendo que os dois últimos
apresentam um cromossomo sexual extra. Esses transtornos, no entanto, não
resultam necessariamente em uma condição de intersexo, pois nem sempre há
discrepância entre a genitália interna e a externa. Pode haver problemas com os
níveis de hormônio sexual, desenvolvimento sexual e números alterados de
cromossomos sexuais.
Sintomas de
Hermafroditismo
Não existem
sintomas para intersexualidade, pois não é necessariamente uma doença. Os
sintomas que existem dizem respeito a anormalidades cromossômicas que,
eventualmente, possam levar às distinções físicas que caracterizam os
diferentes tipos de intersexualidade.
O máximo que
costuma haver é alterações na puberdade. Algumas pessoas podem desenvolver as
características da puberdade mais tarde na vida, outras podem até mesmo pular
essa fase e não desenvolver a puberdade nunca. Além disso, pode acontecer,
também, de uma pessoa sofrer mudanças repentinas e inesperadas neste período.
De resto, os sinais
de intersexualidade limitam-se ao campo físico e variam de acordo com o tipo.
Buscando ajuda
médica
Geralmente, os
sinais de intersexualidade são visíveis logo ao nascimento. Um médico pode
ajudar os pais a entender melhor como se dá esse tipo de condição e ajudá-los a
lidar melhor com este fato.
A intersexualidade
nem sempre é um problema médico, mas pessoas com características intersexuais
podem precisar de auxílio psicológico. Fique atento às necessidades de seu
filho e a qualquer sinais ou sintomas que ele possa apresentar ao longo da
vida.
Na consulta médica
Especialistas que
podem diagnosticar intersexualidade são:
- Clínico geral
- Geneticista
- Ginecologista
- Urologista
- Endocrinologista
- Assistente social
- Psiquiatra
- Psicólogo
- Médico neonatologista
- Pediatra
Estar preparado
para a consulta pode facilitar o diagnóstico e otimizar o tempo. Dessa forma,
você já pode chegar à consulta com algumas informações:
- Uma lista com todos os
sintomas e há quanto tempo eles apareceram
- Histórico médico, incluindo
outras condições que o paciente tenha e medicamentos ou suplementos que
ele tome com regularidade
- Se possível, peça para uma
pessoa te acompanhar
Também é importante
levar suas dúvidas para a consulta por escrito, começando pela mais importante.
Isso garante que você conseguirá respostas para todas as perguntas relevantes
antes da consulta acabar. Para intersexualidade, algumas perguntas básicas
incluem:
- Como é o prognóstico para
uma criança com intersexualidade?
- O que pode ter causado essa
condição?
- Há fatores genéticos
envolvidos?
- Essa condição pode ter sido
causada por algum comportamento de risco adotado durante a gravidez?
- Eu preciso necessariamente
optar por um órgão genital específico para meu filho?
- Essa condição poderá levar a
complicações psicológicas no futuro?
- Meu filho poderá viver com
essa condição sem precisar de cirurgia?
- Meu filho poderá desenvolver
outros problemas de saúde ou sintomas?
- Meu filho deve seguir algum
tratamento hormonal?
- Devo colocar meu filho em
consultas com um psicólogo a partir de que idade?
- Como devo tratar esse
assunto na escola e em outros ambientes sociais que meu filho frequentará?
Não hesite em fazer
outras perguntas, caso elas ocorram no momento da consulta.
Diagnóstico de
Hermafroditismo
A intersexualidade
poder ser diagnosticada com base somente na observação clínica. No entanto,
alguns exames podem ser solicitados para identificar qual é a causa e o tipo
exatos da condição. Veja:
- Análise cromossômica
- Análise de níveis dos
hormônios sexuais
- Testes de estímulos
hormonais
- Testes eletrolíticos
- Testes moleculares
específicos
- Exame endoscópico, usado
para verificar a ausência ou presença de vagina ou cérvix
- Ultrassom ou ressonância
magnética para avaliar se os órgãos sexuais internos estão presentes (como
o útero, por exemplo)
Convivendo/
Prognóstico
Uma equipe de
profissionais de saúde com experiência em intersexualidade deve trabalhar em
conjunto para entender e ajudar a criança com esta condição, além de entender,
aconselhar e dar apoio à família também.
Os pais devem
compreender as mudanças ocorridas no que diz respeito ao tratamento de
intersexualidade. No passado, a opinião prevalecente era de que, o ideal, era
atribuir um gênero específico o mais rápido possível, muitas vezes com base na
genitália externa e não no gênero cromossômico. A cirurgia era recomendada
imediatamente para crianças que nascessem com essa condição, em que acontecia a
remoção do tecido ovariano ou testicular. Em geral, era considerado “mais
fácil” reconstruir a genitália feminina do que o funcionamento da genitália
masculina.
Mais recentemente,
no entanto, a opinião de muitos especialistas mudou. O maior respeito às
complexidades do funcionamento sexual feminino levaram à conclusão de que a
genitália feminina não pode ser inerentemente melhor que a genitália masculina,
mesmo se a reconstrução for "mais fácil". Além disso, outros fatores
podem ser mais importantes neste sentido. Fatores cromossômicos, neurais,
psicológicos e comportamentais podem influenciar a identidade do gênero de um
indivíduo, que independe do órgão genital.
Muitos
especialistas, agora, estimulam os pais a não realizar a cirurgia em seus
filhos, de modo a esperar que, aos envelhecerem, os indivíduos que nasceram com
essa condição possam fazer a escolha que bem entenderem.
Obviamente, o
intersexo é uma questão complexa, e trata-lo pode acarretar em consequências no
curto e no longo prazo. Um grupo de apoio à intersexualidade pode ajudar as
famílias a conhecerem as pesquisas mais recentes, dando-lhes a oportunidade,
também, de conhecer outras famílias e pessoas que passam pela mesma situação.
Prevenção
Não existem formas
possíveis de prevenção da intersexualidade. Fonte: minhavida
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