terça-feira, 19 de julho de 2016

Uso inadequado de medicamentos pode causar overdose acidental


Diferente de nossos antepassados, hoje em dia qualquer um encontra na farmácia alívios químicos para grande parte dos males que sempre afligiram a humanidade. Temos compostos eficazes para aliviar dor, coceira, tonturas, infecções e até tumores - e o livre acesso a alguns destes compostos muitas vezes passa a impressão de que eles são seguros. Mas se há alguma verdade na farmacologia, ela pode ser resumida pela frase: a diferença entre o remédio e o veneno é a dose.
Tome-se como exemplo o paracetamol, um anti-inflamatório comercializado livremente desde 1955 como a alternativa "segura" ao ácido acetilsalicílico. Nos EUA, registram-se mais de 100 mil overdoses/ano com esta droga, sendo que 56 mil demandam atendimento médico e 500 pessoas morrem. E isto vem piorando tanto que o FDA (Food and Drug Administration) tomou a iniciativa de limitar a dose máxima por pílula como forma de conter esta epidemia. No Brasil, dados do Sinitox revelam que em 2011 foram registrados 29.178 casos de intoxicação por medicamentos, tornando esta a principal causa de intoxicação por agente tóxico de qualquer natureza.
Mas como as pessoas se intoxicam? De vários modos, a maior parte deles acidental, por desconhecimento dos riscos de cada composto. O consumidor comum não tem preparo ou hábito de ler bula, então, uma pessoa gripada pode tomar um comprimido de paracetamol para dor e outro para congestão nasal, sem saber que o segundo contém uma dose plena da mesma droga. Isto é frequente no consultório.
Outro modo de se machucar adviria do desconhecimento das vias metabólicas que nosso corpo usa para controlar a quantidade de droga circulante e seus efeitos. O maior exemplo disto é o anticoagulante warfarina, cujo nível sanguíneo é muito facilmente afetado por qualquer medicação ou mudança na dieta, causando sangramentos às vezes muito importantes.
Mas isso é apenas a ponta do iceberg. Mesmo lendo bulas, pessoas podem involuntariamente se colocar numa situação de risco misturando drogas com "produtos naturais". O público em geral tem a falsa noção de que natural significa inócuo. Cabe lembrar que grande parte da farmacopéia ocidental originou-se de produtos naturais. O ácido acetilsalicílico vem da casca do salgueiro, a digoxina, de uma flor, a penicilina, de um fungo, o captopril, do veneno da jararaca e assim por diante. Não bastasse isso, até frutas e legumes podem interferir com drogas e provocar intoxicações involuntárias. Um dos casos mais notáveis é o da toranja, fruta muito apreciada no hemisfério norte e que interfere na metabolização de pelo menos 85 medicamentos, que variam de remédios para o coração como o verapamil a antibióticos como a eritromicina ou imunossupressores como o micofenolato. Há diversos casos graves e fatais de intoxicação involuntária decorrente da ingesta simultânea de uma droga e este suco. E não vamos nem falar sobre consumir álcool com medicações, pois além de um capítulo a parte, isto é quase que pedir para tomar na cabeça. Álcool e remédios essencialmente não combinam em nenhuma situação.
Que situação não? Você busca um remédio para melhorar e sem saber, pode estar se submetendo a um risco de vida involuntário. Como evitar isso? A peça chave para sua segurança é a compreensão de que não há remédio seguro, o que há são limites seguros para o consumo destes compostos. Estes limites envolvem doses, horários, combinações, estado de saúde, controles sanguíneos e vários outros quesitos, todos relevantes e potencialmente perigosos.
Portanto, jamais se automedique ou combine drogas sem uma orientação específica para fazê-lo. Medicar alguém corretamente já é muito difícil para pessoas que passam a vida estudando o assunto, imagine para quem nem sabe que o assunto existe.
Não deixe de consultar o seu médico. Encontre aqui médicos indicados por outras pessoas. Fonte: minhavida



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