sexta-feira, 8 de julho de 2016

CIRURGIAS BARIÁTRICAS


A cirurgia tem riscos?
Toda cirurgia pode apresentar riscos, inclusive risco de morte. Atualmente as publicações médicas referem um risco de morte desta operação entre 0,2 a 0,4 % ( 2 a 4 casos em mil cirurgias). Isto é euquivalente a uma cirurgia de risco pequeno, porém presente. Em questões práticas significa que dois em cada mil pacientes operados pode morrer.
Na nossa prática conseguimos números inferiores devido a um trabalho conjunto da equipe cirúrgica, do anestesista, enfermagem e fisioterapia. 
Complicações também não são comuns, mas podem ocorrer em torno de 1% dos casos.
Entre as complicações que mais preocupam o cirurgião estão a trombose venosa profunda1 que é o entupimento das veias da perna; pneumonia2 (infecção no pulmão); atelectasia4 (quando parte do pulmão murcha e não quer se expandir); e finalmente a fístula (quando há o extravasamento do conteúdo intestinal ou do estômago por uma abertura das costuras feitas durante a cirurgia) que, de todas as complicações é a que mais preocupa o cirurgião.

O que é uma fístula?

Fístula é quando ocorre um “vazamento” do conteúdo do estômago ou intestinal para dentro da cavidade abdominal. De todas as complicações que existem relacionadas à cirurgia , esta é a mais temida pelos cirurgiões.
Atualmente, um dos grandes desafios das empresas que fabricam materiais para a cirurgia de obesidade é criar um produto que evite o aparecimento de fístulas.
Inúmeros produtos estão a disposição mas nenhum é comprovadamente eficiente na prevenção das fístulas.
As causas do aparecimento das fístulas são variadas. Entre as mais observadas estão: a ingestão alimentar exagerada pelo paciente nos primeiros dias de pós-operatório, uma deficiência do suprimento sanguíneo no estômago operado e até uma “rejeição” do estômago aos “grampos” utilizados na cirurgia.
As fístulas usualmente ocorrem em menos de 1% dos casos em serviços de cirurgia bariátrica de excelência. Em nossa experiência este número é de 0,5%. 
Se algum cirurgião te falar que não tem fístulas… desconfie. Os números estatísticos que se referem à incidência de fístulas estão em todas as publicações médicas pelo mundo. Não acreditamos que este profissional tenha recebido uma bênção divina que faça com que só ele não tenha complicações.
Ter complicações faz parte do risco de qualquer cirurgia. É neste momento que você descobre se escolheu o cirurgião correto. Os melhores cirurgiões não precisam esconder a verdade e sabem o que fazer para resolver o problema.
O Dr. Caetano Marchesini (Curitiba), Dr. Manoel Passos Galvão Neto (SP) e o Dr.Josemberg Marins Campos (Recife) são pioneiros no Brasil em um novo tratamento endoscópico das fístulas onde os resultados são excelentes auxiliando o paciente a voltar para casa precocemente.

Banda Gástrica Ajustável

Consiste na colocação de um anel de silicone com uma pequena câmara pneumática interna ao redor do estômago em sua porção inicial.
Esta câmara comunica-se através de um tubo a um pequeno dispositivo que é implantado embaixo da pele do pacientes. Através dele é possível insuflar a câmara pneumática que se encontra na banda, restringindo ou “liberando” mais o fluxo dos alimentos através dela. Foi um procedimento muito realizado no final da década de 90.
Vem caindo em desuso no Brasil e Europa. Nos Estados Unidos foi liberado seu uso em 2002  e somente agora os seus resultados ruins vêm sendo observados lá.
Quando lançada nos anos 90 seu grande apelo era o fato de ser o único procedimento que na época era realizado por videolaparoscopia3.
Atualmente, poucos grupos no Brasil ainda realizam este procedimento.
Por ser um procedimento puramente restritivo, a comunidade cirúrgica bariátrica hoje em dia dá preferência a gastrectomia vertical ou sleeve. 
A perda média de peso é de 20 a 25% e as taxas de reganho de peso são muito elevadas principalmente nas mulheres.

Gastrectomia Vertical ou Sleeve

Consiste em uma ressecção (retirada) de dois terços do estômago em seu eixo vertical transformando-o em um tubo afilado.
Esta cirurgia se baseia em dois princípios: o da restrição do volume alimentar ingerido e o da retirada de uma área do estômago onde é produzido um hormônio chamado grelina5. Este hormônio é responsável por gerar a sensação de fome.Outras partes do intestino delgado também produzem este hormônio e ainda não se conhece totalmente suas ações.
A grande vantagem desta cirurgia é que pacientes submetidos a ela necessitam de pouca ou, em alguns casos, nenhuma suplementação vitamínica.
É bem indicada em pacientes com anemias6 crônicas, osteoporose7 grave ou ainda em condições clínicas que necessitem a primeira porção do intestino para absorção de medicamentos. Também está indicada em pacientes que estejam dispostos a não perder tanto peso. 
É uma cirurgia que está ganhando bastante popularidade no mundo , alcançando o número de bypass gástrico realizado (atualmente a cirurgia mais feita). Existem vários motivos para explicar este fenômeno. Entre eles está o fato de não mexer no intestino e não causar problemas nutricionais. 
Aqui se torna obrigatório fazer um acompanhamento psicológico adequado da clínica. A perda média de peso é de 25 a 30% do peso inicial, se houver reganho de peso é possível a realização de outras cirurgias bariátricas subsequentes.
Não deve ser indicada em pacientes comedores de doce e que tenham doença do refluxo gastroesofágico, porque piora esta condição. O acompanhamento com o psiquiatra é fundamental para o tratamento da compulsão alimentar, componente comum no paciente com obesidade.

Duodenal Switch – derivação biliopancreática

Como esta cirurgia é considerada uma evolução da derivação biliopancreática pura ou Cirurgia de Scopinaro, vamos nos ater a explicar este procedimento.
Consiste em uma ressecção (retirada) de dois terços do estômago em seu eixo vertical transformando-o em um tubo afilado (semelhante ao Sleeve), seguida de um desvio intestinal ampliado, deixando uma área aproximada de um terço da área total de absorção de nutrientes.
Por ser uma cirurgia mais invasiva, ela é bem indicada em pacientes que precisam perder muito peso. Pacientes do sexo masculino se sentem a vontade com este procedimento porque exige que se alimentem de um considerável volume de proteína diário, principalmente através do consumo de carne.
Esta cirurgia também tem sido considerada como a que apresenta melhor resposta no tratamento do diabetes (em torno de 95% de remissão da doença). Por isso é indicada em pacientes obesos diabéticos. Em pacientes diabéticos com menos peso ela pode ser realizada, porém o desvio intestinal realizado deve ser menor. Sua taxa de reganho de peso é muito inferior ao das outras cirurgias, não ultrapassando 2% contra os 15% dos outros procedimentos.
Perde-se em torno de 40 a 45% do peso inicial e portanto, deve ser indicada em um grupo especial de pacientes para não correr o risco de levar o paciente àdesnutrição que pode ocorrer em torno de 2% a 4% dos pacientes.
Outra desvantagem desta cirurgia é mau cheiro dos gases e fezes. Fato que nos leva a não indicar este procedimento para as mulheres e pacientes que dividem o mesmo banheiro em seu trabalho. Somos o grupo com maior experiência nesta cirurgia no Brasil.
Lembre que as imagens do nosso vídeo são puramente ilustrativas e que os cortes feitos para a entrada dos instrumentos no abdomen variam para cada cirurgião. A coloração azul representa o alimento e a coloração amarela representa os sucos digestivos.
Note que há um desvio intestinal bastante grande.

Bypass Gástrico ou Cirurgia de Fobi-Capella

Bypass é uma palavra inglesa que significa desvio. E é exatamente isto que é feito nesta cirurgia. Um desvio de uma grande parte do estômago e uma pequena parte do intestino delgado.
Sem dúvida é a cirurgia mais realizada no mundo. Só nos Estados Unidos são realizadas mais de 200 mil cirurgias por ano. No Brasil, acredita-se que em 2015 serão realizadas em torno de 60 mil procedimentos de um total estimado de 100 mil cirurgias bariátricas.
Ela consiste em uma redução do estômago através de grampeamento.O estômago é dividido em duas partes: uma menor que será por onde o alimento irá transitar e outra maior que ficará isolada. Este pequeno estômago é então ligado ao intestino para que o alimento possa seguir seu curso natural. 
Todas as secreções do estômago separado serão levadas através do intestino a uma nova costura feita adiante no intestino que é costurado no “estômago pequeno”. (para entender melhor veja o vídeo) 
A vantagem desta cirurgia é que ela é totalmente reversível.
O fato de o estômago ficar menor não quer dizer que você irá passar fome. O pouco que ingerir irá dar saciedade.
Atualmente sabemos que existe um hormônio responsável pelo nosso apetite chamado grelina. Este hormônio é produzido em todos os segmentos do trato digestivo, mas é produzido em maior quantidade na parte do estômago que irá ficar isolada depois desta cirurgia, gerando uma inapetência no período pós-operatório.
É muito comum depois desta operação os pacientes perderem totalmente o apetite. Com o tempo o apetite volta devido ao aumento de produção deste hormônio pelo intestino. É muito importante não confundir apetite com “vontade de comer”.
A perda média de peso nesta cirurgia é de 35 a 40% do peso inicial.

O vídeo é uma representação do que ocorre na cirurgia. Algumas variações técnicas são possíveis e podem acontecer de cirurgião para cirurgião. Estas pequenas modificações não alteram os princípios básicos que estão representados no vídeo ilustrativo. Fonte: gastronet

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